No
passado, os centros espíritas apresentavam uma predominância de trabalhos de
palestras no setor de estudo doutrinário das casas. Nas últimas décadas, houve
um crescimento do trabalho de grupos de estudo, incluindo aí os trabalhos de
mocidades espíritas, que, com as suas naturais peculiaridades, assemelham-se
aos trabalhos de grupos de estudo para adultos.
Atualmente,
os centros espíritas têm apresentado uma espécie de parceria para o aprofundamento
doutrinário entre o trabalho dos expositores através de palestras e os estudos
de grupos, seguindo livros pré-determinados ou não. De fato, os grupos podem
escolher temas específicos ou autores específicos. Portanto, pode haver grupos
que estudam mediunidade; grupos que estudam exclusivamente obsessão; outros que
estudam reencarnação; entre outros
assuntos. Por outro lado, há grupos que se dedicam a estudar as obras de um
autor específico, tais como Allan Kardec, Léon Denis, Gabriel Delanne, Herculano
Pires etc.
Naturalmente,
há indivíduos que preferem assistir palestras, e não têm predileção pela
participação em um grupo de estudo. Há, igualmente, um bom número de espíritas
que gostam dos grupos de estudo, mas não têm grande afinidade pelas exposições
orais mais longas.
As duas
metodologias seguem propostas diferentes. Na palestra, o orador tem um espaço
maior para discorrer individualmente e sem interrupções, o que dá margem para a
elaboração de um apanhado maior sobre um determinado tema. Idealmente, o
palestrante deveria ter uma razoável bagagem para contribuir com as reflexões
dos frequentadores, fornecendo-lhes material para leituras e estudos
posteriores, pessoais ou coletivos. Uma vantagem interessante da palestra é o
fato de poder atingir um número maior de pessoas do que o grupo de estudos.
Além disso, muitas vezes o expositor precisa de um tempo maior para fornecer um
conjunto de informações significativos sobre determinado assunto.
O grupo
de estudo normalmente apresenta uma espaço maior, mais “democrático”, para o
debate de ideias, dependendo, obviamente, das características e da filosofia de
trabalho de cada grupo. De qualquer maneira, normalmente a interação entre os
participantes é maior, o que dá margem para que uma ampla troca de ideias
ocorra, em uma espécie de conversa educativa. Neste caso, é importante que o
grupo não se perca em discussões improfícuas e, nesse contexto, uma alternativa
interessante é a presença de um livro ou apostila de excelente qualidade
doutrinária que seja o guia teórico-conceitual das discussões, para que o
conteúdo, que consiste do material de estudo, forneça, realmente, substanciais
informações para os estudantes. Apesar de normalmente atingir um grupo menor do
que o grupo que assiste a palestras, permite um aprofundamento e um processo de
eliminação de dúvidas que é menos acessível às palestras. Além disso, muitos
espíritas que têm dificuldades para ler determinada obra sozinhos (e em casa)
podem conseguir ler e estudar toda a obra de interesse através do grupo de
estudo, o que permite, inclusive um ganho significativo de tempo, pois podem
ler outra obra mais acessível a esse respectivo leitor individualmente.
Entretanto, grupos de estudo excessivamente herméticos e isolados em si mesmos
podem ficar muito formatados a uma única linha de raciocínio, usualmente a do
coordenador do grupo (em alguns casos, o “formador de opinião” ou “os
formadores de opinião” podem não ser coordenadores formais do grupo). Isso não
necessariamente é ruim, porém é recomendável que o conteúdo que é estudado em
um grupo de estudo seja testado, em termos de qualidade doutrinária, por outras
fontes de informação espírita, a fim de melhorarmos o nível doutrinário geral
de nosso movimento, e evitarmos eventuais distorções de determinados núcleos, o
que acontece com certa frequência.
Há ainda uma
espécie de meio-termo entre as duas metodologias supracitadas, que seria a
entrevista, também chamada “fórum de debates” ou “Pinga-Fogo”, em homenagem à
Chico Xavier e sua extraordinária participação no famoso programa denominado
“Pinga-Fogo” da antiga TV Tupi, em 1971. Na entrevista, uma séria de perguntas
pertinentes, em uma sequência lógica ou elaboradas de forma aleatória, poderia
ser proposta para “sabatinar” um confrade que tenha bagagem para comentar sobre
um determinado assunto de relevância doutrinária. Neste caso, a qualidade das
perguntas e das respostas pode ser muito útil para dirimir dúvidas que,
eventualmente, não sejam abordadas nas palestras, nas quais o espaço para esse
tipo de debate, normalmente, é bem limitado.
Apesar das
eventuais e naturais preferências pessoais em termos de reunião doutrinária,
temos que admitir que a parceria entre palestras e grupos de estudos e, se for
o caso, também entrevistas (“Pinga-Fogos”), é bastante rica, complementar e
sinérgica para o enriquecimento de nossas atividades doutrinárias nas casas
espíritas e também nos eventos espíritas como encontros e congressos. São
formas metodológicas de divulgação espírita acessíveis a todas as casas
espíritas e cuja parceria, preferencialmente através de diferentes
doutrinadores, podem enriquecer a todos os envolvidos, inclusive os próprios
expositores e coordenadores de grupo.
Leonardo Marmo Moreira
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