Segundo Chico Xavier costumava afirmar
a seus amigos íntimos, sua tarefa mediúnica poderia ser dividida em 4 fases. Na
primeira fase, os autores espirituais foram os poetas da obra “Parnaso de
Além-Túmulo”. A segunda fase, por sua vez, é marcada pelos prosadores, com
especial destaque para o trabalho de Humberto de Campos. Na terceira fase, o
trabalho mediúnico de Francisco Cândido Xavier é conduzido predominantemente
pelos autores espirituais doutrinadores, com papel de destaque para Emmanuel e
André Luiz. A partir da década de 70, conforme o próprio Chico afirmava, teve
início a quarta fase de sua tarefa, que foi denominada pelo médium como a “Fase
da Consolação”. Essa quarta fase da missão de Francisco C. Xavier foi marcada
pela autoria dos habitantes comuns da vida espiritual. Realmente, dos
atualmente mais de 450 livros da lavra mediúnica de Chico Xavier, mais de 100
abrangem coletâneas dessas cartas familiares, com traços autobiográficos
indiscutíveis e com evidências contundentes da imortalidade da alma.
Analisando essa divisão, podemos inferir que a
evidência da imortalidade da alma, através das poesias de grandes intelectuais
do passado inicia o trabalho na primeira fase. O trabalho desenvolve-se através
de reflexões filosófico-religiosas, buscando uma maior espiritualidade, que são
marcas da segunda fase, ou seja, dos da “Fase dos prosadores”. A terceira fase
consiste em um conjunto de obras de altíssima profundidade intelecto-moral,
representando significativa contribuição à evolução doutrinária
espirítico-evangélica pelos estudos detalhados do Evangelho de Jesus, do Mundo
Espiritual e, de uma forma geral, de toda a Doutrina Espírita propriamente
considerada, sendo denominada “A Fase dos Doutrinadores”. A quarta fase reforça
as evidências da imortalidade da alma e aprofunda estudos sobre a morte, o
fenômeno da desencarnação e a vida no mundo espiritual através do relato
tipicamente pessoal de Espíritos “comuns” (que não eram mentores espirituais
propriamente ditos), os quais, após a desencarnação, trouxeram demonstrações
consistentes da realidade espiritual, sensibilizando familiares, amigos e
céticos. De fato, Allan Kardec também obteve informações de grande relevância
espiritual de Espíritos menos evoluídos, pois as impressões desses Espíritos
permitem, em conjunto com as mensagens dos verdadeiros mentores espirituais,
uma avaliação mais profunda das diferentes percepções do Espírito desencarnado,
dependendo do seu mérito pessoal e do seu contexto espiritual.
Não podemos olvidar que Emmanuel
teve ocasião de explicar a Chico Xavier que “a missão Xavierina não era somente
trazer os livros, mas também formar os leitores”, denotando que somente uma
vida verdadeira apostólica, como, de fato, Chico viveu, geraria a demonstração
efetiva de que tudo aquilo que ele pregava era Verdade. Isso demonstraria que
Chico Xavier realmente tinha a mais autêntica Fé, pois demonstraria (como, de
fato, demonstrou) em seu dia-a-dia que é possível viver o Evangelho e o
Espiritismo e que “o Evangelho e o Espiritismo funcionam”, pois vivenciando
seus postulados se alcança a paz, a plenitude e a Verdadeira Felicidade com
Jesus.
Considerando a relevância da missão
de Chico Xavier, é dever de todo Espírita consciente procurar estudar o
conteúdo das obras de todas as quatro fases, a fim de que nosso entendimento
doutrinário cresça significativamente, melhorando a qualidade doutrinária de
nossos análises nas Casas Espíritas e, principalmente, encaminhando-nos à
Verdade para que a Verdade nos liberte.
Leonardo Marmo Moreira