A
Auto-obsessão é uma das maiores enfermidades espirituais que existem, uma vez
que esse estado mental frequentemente é gerador de uma série de outros
processos mento-comportamentais, os quais podem literalmente destruir uma
encarnação. De fato, a auto-obsessão pode fomentar uma série de distúrbios
psicológicos, os quais podem ou não ser agravados por obsessões propriamente
ditas, ou seja, pela influência espiritual negativa de entidades. Essas entidades
aproximam-se devido à afinidade pelo comportamento do encarnado em questão ou,
pelo contrário, objetivam especificamente prejudicar esse indivíduo, motivados
por problemas do passado, ideais contrários, inveja, ou simplesmente vazio
existencial.
As ações, os comentários, os desejos, os
ideais, os sentimentos, as sensações, as fixações, os pensamentos e os diálogos
mentais, entre outros, constituem, em conjunto, o perfil espiritual de cada
indivíduo, os quais são facilmente detectáveis por grande número de Espíritos
desencarnados. De fato, estes fatores influenciam, inclusive, na constituição
da chamada “aura”, que é a irradiação característica de cada individualidade,
ocorrendo com mais intensidade em torno da cabeça do indivíduo. Vale lembrar
que a cor associada à aura pode representar o nível vibracional do ser em
questão, ou seja, o padrão espiritual de cada um. Essa correlação fica evidente
em várias obras de André Luiz, como, por exemplo, em “Os Mensageiros”, no
capítulo intitulado “A Prece de Ismália”; em “Mecanismos da Mediunidade”,
quando o Mentor afirma que Espíritos superiores irradiam fótons com menor
comprimento de onda (maior energia e, portanto, maior freqüência) do que
Espíritos inferiores; e também no capítulo intitulado “Psicoscópio” (“Nos
Domínios da Mediunidade”), quando o referido dispositivo é utilizado para
determinar o nível espiritual do ser analisado.
As
fixações espirituais podem constituir verdadeiras telas mentais (nas palavras
de Manoel Philomeno de Miranda, “Painéis da Obsessão”, em expressão que dá nome
a um excelente livro psicografado por Divaldo Franco), ou, até mesmo “filmes”
psíquicos, que representam um certo tipo de “Lavagem Cerebral”, isto é,
“Lavagem Mental”. Tais fixações espirituais, em função de sua carga emocional
hipnotizadora, vão limitando as áreas de interesse de cada ser, aproximando o
indivíduo da chamada “Monoidéia”. Esse quadro restringe significativamente a
capacidade de aprendizado do indivíduo, pois atenua drasticamente o nível de
interesse do mesmo no que se refere aos mais variados fenômenos da Vida.
Portanto, a Monoidéia diminui a curiosidade sadia e o aprendizado de uma forma
geral.
A
Monoidéia traduz quadro de perturbação espiritual do ser, que, repetitivo e
obcecado, constrói uma redoma vibracional negativa, vivenciando verdadeira
Auto-obsessão. Assim, o ser dominado pela Monoidéia, seja ela de vingança,
cobiça, reconhecimento, mágoa, entre outras, muitas vezes perde a noção da
realidade, o que o faz perder tempo e muitas oportunidades evolutivas, gerando
quadros espirituais de crescente infelicidade. Isso explica, inclusive, alguns
casos de alienação que acometem tanto encarnados como desencarnados.
A
Auto-obsessão independe da participação efetiva de outros seres, sejam eles
encarnados ou desencarnados, pois é construção predominantemente pessoal, mas,
pode, eventualmente, ser agravada pela influência de outros seres. Se tais
irradiações gerarem algum tipo de afinidade e/ou interesse em Espíritos
desencarnados, atrairemos esses seres ao nosso convívio mental. Neste caso,
essa interação pode apresentar intensidades variadas, dependendo de diversos
fatores, tais como o nível de resistências morais, o grau de constância em
trabalhos de nível moral mais elevado, o mérito geral do indivíduo, as boas obras
já realizadas, os hábitos de “higiene espiritual”, a corrente de simpatia já
construída, entre outros.
Quando
o “Auto-obsediado”, em função de sua irradiação perturbada e perturbadora entra
em sintonia com outros seres, sobretudo desencarnados, pode provocar uma
efetiva atração devido aos interesses comuns, gerando uma espécie de “diálogo
espiritual”, em uma simbiose de sensações e telas mentais, as quais fortalecem
as perturbações originais de cada ser envolvido. O diálogo mental, por sua vez,
pode gerar o “convencimento” do encarnado por parte do desencarnado. Assim, uma
idéia perturbadora que surgia muito raramente pode ir ganhando cada vez maior
aceitação, superando as resistências morais do “hospedeiro”. Essa inter-relação
gera verdadeiros laços fluídicos, uma vez que toda emissão mental gera direta
conseqüência perispiritual, imantando mutuamente estes Espíritos em conexões
difíceis de serem eliminadas. Neste contexto, lembremo-nos da necessidade de
“vigilância e oração”, conforme recomendação evangélica, para que a disciplina
mental limite a instalação e o enraizamento da idéias negativas em nossa vida
espiritual. De fato, a higiene espiritual é fundamental para controlar e
minimizar os efeitos de crises espirituais agudas e também os processos espirituais
inferiores que, lenta e gradualmente, podem se cronificar.
A
“Cronificação” do desequilíbrio espiritual piora a vida do “auto-obsidiado” em
um contexto bem amplo, que abrange desde sua saúde física, passando por seu
desempenho escolar/profissional e atingindo suas relações pessoais. A obsessão,
quando caso crônico, pode ser mais difícil de ser tratada, pois implica na
aquisição de inevitáveis hábitos conseqüentes a esse vício mental, ou seja,
condicionamentos mentais, verbais e físicos.
É
interessante mencionar, a título de ilustração, a recomendação que Chico Xavier
forneceu ao Doutor Elias Barbosa. Certa vez, Chico sugeriu que o célebre médico
e autor espírita fizesse Evangelho no Lar todos os dias da semana. Ao contrário
da recomendação usual das casas espíritas de uma reunião semanal, Chico Xavier
recomendou 10 minutos de Evangelho no Lar, em seis dias da semana, e uma
reunião semanal de 30 minutos, de modo que fossem desenvolvidas reuniões
evangélicas todos os dias. Esse procedimento, segundo Chico, fortaleceria a
proteção espiritual da casa, pois aumentaria a chamada “barreira fluídica” ao
redor do lar de Elias Barbosa. Tal medida era fundamental para o bem estar
espiritual da família do médico, pois em seu consultório psiquiátrico, ele
estava obtendo sucesso em determinados tratamentos, apoiado pelo conhecimento
espírita, uma vez que conseguia identificar vários casos em que o problema
principal era o fenômeno obsessivo. Obviamente, isso estaria irritando grande
número de obsessores, que passavam a encontrar mais dificuldades para manter o
conúbio mental com seus parceiros encarnados. Consequentemente, muitos
obsessores passaram a perseguir o novo “rival”, no caso, o Dr. Elias Barbosa,
seguindo-o até a sua casa para perturbar espiritualmente Dr. Elias e seus
familiares. O fortalecimento da proteção espiritual, bastante conhecida das
obras de André Luiz, como, por exemplo, “Os Mensageiros” e “Missionários da
Luz”, impediria a entrada dessas entidades na casa de Elias Barbosa.
O
hábito da prece e da leitura/estudo evangélico-doutrinário deve ser sempre
estimulado. A leitura de mensagens positivas do ponto de vista espiritual pode
ser feita, inclusive, através de livros de bolso, os quais são uma interessante
alternativa no dia-a-dia corrido dos tempos atuais. Mensagens que podem ser
levadas a quaisquer lugares e lidas em intervalos de tempo reduzidos são opções
interessantes para mantermos hábitos saudáveis para a nossa vida mental, os
quais são decisivos para a manutenção de nossa saúde espiritual, sobretudo em
períodos difíceis da vida física, nos quais enfrentamos situações estressantes
e exigentes emocionalmente.
Assim
como devemos cuidar da higiene do corpo todos os dias, nós também devemos
cuidar da nossa “higiene espiritual” diariamente. De fato, sem um mínimo
fornecimento de um “alimento espiritual saudável” à nossa mente, dificilmente
manteremos um equilíbrio espiritual razoável para desenvolvermos adequadamente
nossas atividades, sem corrermos o risco de adquirirmos graves perturbações
mentais.
Leonardo Marmo Moreira