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quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Herança de Tendência dos Pais


Alguns confrades elaboraram questões interessantes acerca da informação de um dos mentores em a obra "Missionários da Luz", cap. 13: "O organismo dos nascituros provém do corpo dos pais, mas a criatura herda tendências e não qualidades". Que tendências seriam essas a que se refere o instrutor? Por acaso tais tendências estão relacionadas às "tendências instintivas" citadas em “O Livro dos Espíritos, nas Questões de números 393, 394?
            A hipótese focada nas “tendências instintivas” parece ser bem razoável. Ainda assim, as “tendências” seriam ainda um pouco mais abrangentes. O organismo não herda qualidades, pois as mesmas são características do Espírito propriamente dito. Mesmo em se tratando de estudo focado nas propriedades do corpo físico (“organismo dos nascituros”), a influência do Espírito e, consequentemente, do perispírito, são decisivas para a formação do novo corpo. Estudando os capítulos 12 e 13 de “Missionários da Luz” podemos inferir que os pais fornecem para os filhos o material genético com suas características intrínsecas (o que incluiria, até certo nível, uma contribuição parcial de “tendências instintivas”). Em uma analogia com a construção civil poderíamos dizer que os pais proporcionam os materiais para a construção (cimento, cal, tijolos, areia, tinta etc.), porém o projeto arquitetônico é do Espírito reencarnante através da liderança do binômio Espírito/Perispírito, o qual ocorre, segundo “Evolução em Dois Mundos” de André Luiz, por meio dos centros de força (popularmente conhecidos como “chacras”). De fato, um arquiteto e/ou um engenheiro civil pode construir casas completamente diferentes umas das outras a partir dos mesmos materiais para construção. Podemos também supor que dentro deste tópico “tendências instintivas”, o autor espiritual poderia estar sugerindo que o comportamento geral dos pais, a cultura e os hábitos físicos, alimentares e educacionais da família indiretamente acabam, em um segundo momento (após o nascimento do bebê), induzindo determinadas características físicas nos filhos pelos condicionamentos inerentes aos processos educativo e de crescimento físico das crianças e jovens.
Estudando a obra “O Céu e o Inferno” pode-se admitir que o temperamento é, ao menos em parte (na grande maioria das vezes a parte preponderante), determinado pela natureza do espírito, que é a causa e não o efeito. Em parte, porque há casos em que o físico influencia certamente sobre a moral. Isto sucede quando um estado mórbido ou anormal se determina por uma causa externa acidental, independente do espírito, como a temperatura, o clima, os vícios hereditários de constituição, um mal-estar passageiro, etc. Dentro deste contexto, o que seriam as causas externas acidentais e que definição se poderia dar a vícios hereditários de constituição? 
É inegável que a matéria limita e influencia, através de facilidades ou dificuldades no desempenho de determinadas tarefas, o comportamento do Espírito. Aliás, tal influência justifica o papel da vida física como ferramenta evolutiva para o Espírito imortal, pois, do contrário, a “Lei da Reencarnação” não seria necessária, podendo o Espírito desenvolver-se efetivamente sem necessitar da vida física, isto é, somente no mundo espiritual. Entretanto, essa influência é sempre limitada, pois o Espírito é o “Princípio Inteligente do Universo” e tem um potencial extraordinário ainda pouco explorado devido à nossa rebeldia perante as Leis da Vida, como, por exemplo, no caso da preguiça e da ausência de ideais superiores. Apesar de ser o Espírito propriamente dito, através de seu livre-arbítrio e de sua força de vontade, o determinante dos hábitos adquiridos, o que repercute na responsabilidade individual registrada na consciência de cada criatura a respeito de todos os atos praticados, todos nós estamos sobre influências físicas, educacionais, culturais e sociais, que afetam em maior ou menor grau o nosso comportamento. Obviamente, nascer sob determinadas influências também constitui prova para o Espírito, justamente devido ao impacto cultural que o reencarnante pode sofrer de diversas formas e intensidades, dependendo do ambiente a ser vivenciado pelo reencarnante. De qualquer maneira, sabemos que no planejamento reencarnatório elaborado pelos mentores com a nossa participação, se tivermos condições para isso, são considerados nossos méritos, nossas potencialidades e nossas necessidades prioritárias para a determinação do local de renascimento. Desta forma, sobre “vícios hereditários de constituição”, temos que admitir que determinados comportamentos familiares imprimem forte caráter sobre filhos, afilhados, sobrinhos etc., o que de maneira alguma seria fenomêno aleatório, tendo-se em vista o estudo pormenorizado feito pelos especialistas em reencarnação, levando-se em consideração as Leis do progresso e de Causa e Efeito. Portanto, o tradicionalismo; a influência dos pais, familiares e amigos; a inércia comportamental do reencarnante; as dificuldades morais do reencarnante e a falta de educação ético-moral-religiosa de qualidade, podem favorecer que “vícios familiares” (vícios alimentares, verbais, educacionais, afetivo-sexuais, sociais etc.) possam se tornar, de certa forma, “hereditários”, o que exigirá dos reencarnante um esforço significativo para adquirir um padrão moral de comportamento superior àquele apresentado pela família.

Leonardo Marmo Moreira

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