Alguns confrades elaboraram
questões interessantes acerca da informação de um dos mentores em a obra
"Missionários da Luz", cap. 13: "O organismo dos nascituros
provém do corpo dos pais, mas a criatura herda tendências e não
qualidades". Que tendências seriam essas a que se refere o instrutor? Por acaso tais tendências
estão relacionadas às "tendências instintivas" citadas em “O
Livro dos Espíritos, nas Questões de números 393, 394?
A
hipótese focada nas “tendências instintivas” parece ser bem razoável. Ainda
assim, as “tendências” seriam ainda um pouco mais abrangentes. O organismo não
herda qualidades, pois as mesmas são características do Espírito propriamente
dito. Mesmo em se tratando de estudo focado nas propriedades do corpo físico
(“organismo dos nascituros”), a influência do Espírito e, consequentemente, do
perispírito, são decisivas para a formação do novo corpo. Estudando os
capítulos 12 e 13 de “Missionários da Luz” podemos inferir que os pais fornecem
para os filhos o material genético com suas características intrínsecas (o que
incluiria, até certo nível, uma contribuição parcial de “tendências
instintivas”). Em uma analogia com a construção civil poderíamos dizer que os
pais proporcionam os materiais para a construção (cimento, cal, tijolos, areia,
tinta etc.), porém o projeto arquitetônico é do Espírito reencarnante através
da liderança do binômio Espírito/Perispírito, o qual ocorre, segundo “Evolução
em Dois Mundos” de André Luiz, por meio dos centros de força (popularmente
conhecidos como “chacras”). De fato, um arquiteto e/ou um engenheiro civil pode
construir casas completamente diferentes umas das outras a partir dos mesmos
materiais para construção. Podemos também supor que dentro deste tópico
“tendências instintivas”, o autor espiritual poderia estar sugerindo que o
comportamento geral dos pais, a cultura e os hábitos físicos, alimentares e
educacionais da família indiretamente acabam, em um segundo momento (após o
nascimento do bebê), induzindo determinadas características físicas nos filhos
pelos condicionamentos inerentes aos processos educativo e de crescimento
físico das crianças e jovens.
Estudando a obra “O Céu e o
Inferno” pode-se admitir que o temperamento é, ao menos em parte (na grande
maioria das vezes a parte preponderante), determinado pela natureza do
espírito, que é a causa e não o efeito. Em parte, porque há casos em que o
físico influencia certamente sobre
a moral. Isto sucede quando um estado mórbido ou anormal se determina por uma
causa externa acidental, independente do espírito, como a temperatura, o clima,
os vícios hereditários de constituição, um mal-estar passageiro,
etc. Dentro deste contexto, o que seriam as causas externas acidentais e
que definição se poderia dar a vícios hereditários de constituição?
É inegável que a matéria limita e
influencia, através de facilidades ou dificuldades no desempenho de
determinadas tarefas, o comportamento do Espírito. Aliás, tal influência
justifica o papel da vida física como ferramenta evolutiva para o Espírito
imortal, pois, do contrário, a “Lei da Reencarnação” não seria necessária,
podendo o Espírito desenvolver-se efetivamente sem necessitar da vida física,
isto é, somente no mundo espiritual. Entretanto, essa influência é sempre
limitada, pois o Espírito é o “Princípio Inteligente do Universo” e tem um
potencial extraordinário ainda pouco explorado devido à nossa rebeldia perante
as Leis da Vida, como, por exemplo, no caso da preguiça e da ausência de ideais
superiores. Apesar de ser o Espírito propriamente dito, através de seu
livre-arbítrio e de sua força de vontade, o determinante dos hábitos
adquiridos, o que repercute na responsabilidade individual registrada na
consciência de cada criatura a respeito de todos os atos praticados, todos nós
estamos sobre influências físicas, educacionais, culturais e sociais, que
afetam em maior ou menor grau o nosso comportamento. Obviamente, nascer sob
determinadas influências também constitui prova para o Espírito, justamente
devido ao impacto cultural que o reencarnante pode sofrer de diversas formas e
intensidades, dependendo do ambiente a ser vivenciado pelo reencarnante. De
qualquer maneira, sabemos que no planejamento reencarnatório elaborado pelos
mentores com a nossa participação, se tivermos condições para isso, são
considerados nossos méritos, nossas potencialidades e nossas necessidades
prioritárias para a determinação do local de renascimento. Desta forma, sobre
“vícios hereditários de constituição”, temos que admitir que determinados
comportamentos familiares imprimem forte caráter sobre filhos, afilhados,
sobrinhos etc., o que de maneira alguma seria fenomêno aleatório, tendo-se em
vista o estudo pormenorizado feito pelos especialistas em reencarnação,
levando-se em consideração as Leis do progresso e de Causa e Efeito. Portanto,
o tradicionalismo; a influência dos pais, familiares e amigos; a inércia
comportamental do reencarnante; as dificuldades morais do reencarnante e a
falta de educação ético-moral-religiosa de qualidade, podem favorecer que
“vícios familiares” (vícios alimentares, verbais, educacionais,
afetivo-sexuais, sociais etc.) possam se tornar, de certa forma,
“hereditários”, o que exigirá dos reencarnante um esforço significativo para
adquirir um padrão moral de comportamento superior àquele apresentado pela
família.
Leonardo Marmo Moreira
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