A primeira
palestra pública de Divaldo Pereira Franco foi proferida em Aracaju, capital do
estado de Sergipe, na antiga sede da União Espírita Sergipana, no dia 27 de
março de 1.947 (portanto, Divaldo está próximo de completar, no próximo mês de
março, 67 anos de serviço ininterrupto da área da oratória espírita, trabalho
incansável que o tornou grande expoente da divulgação doutrinária do Brasil e
do Mundo).
Divaldo estava
com 19 anos na ocasião. O seu anfitrião, que o havia convidado para passar
férias em seu lar, era espírita militante, e, percebendo a exuberante e
altamente ostensiva mediunidade de Divaldo, quis saber das especialidades
mediúnicas do jovem baiano, perguntando diretamente:
“Divaldo, você vê (Obviamente, ele
queria saber se Divaldo via os Espíritos, telas psíquicas projetas pelos
Espíritos e o mundo espiritual propriamente dito, ou seja, se tinha a
mediunidade de vidência)?
“Sim.
“Ouve? (Novamente, de forma bem sucinta
o amigo espírita queria saber se Divaldo ouvia as vozes dos Espíritos, isto é,
queria saber se tinha a mediunidade de audiência)
“Algumas vezes. (Nesta época, Divaldo
Franco ainda não psicografava)
“Você é médium, Divaldo (Um indivíduo
que vê os Espíritos com frequência e, de vez em quando, os ouve, certamente tem
uma mediunidade bastante substancial).
“Mas você é espírita?! (A pergunta é
carregada de grande sabedoria, pois o fato de alguém ser médium não torna essa
pessoa necessariamente espírita. A mediunidade é uma tendência inerente a todo
ser humano, que alguns apresentam em níveis mais intensos, os quais são
chamados de “médiuns de ação”, como o caso do próprio Divaldo.
“Eu ainda não sei. Eu ainda não li nada. Os
Espíritos mandaram-me ler “O Livro dos Espíritos”, mas eu ainda não o
encontrei. (Uma resposta também muito sábia. Os Amigos Espirituais
recomendaram que Divaldo lesse “O Livro dos Espíritos” para, se assim o
desejasse, de acordo com o próprio livre-arbítrio, tornar-se, em seguida,
espírita, a partir desse estudo sistemático da obra básica da Doutrina
Espírita. Divaldo não havia lido nem “O Livro dos Espíritos” e nem qualquer
outra obra que lhe desse subsídios para se intitular espírita. A resposta
também denota como naquela época era mais difícil a aquisição das obras
espíritas em relação aos dias atuais).
“Pois, eu lhe emprestarei (De fato,
emprestar, doar, ou mesmo adquirir os livros espíritas constitui dever dos
Espíritas militantes, pois trata-se de uma forma muito efetiva de divulgar o
Espíritismo e ajudar a manutenção material da Editoras espíritas e das obras
sociais que as editoras mantém, assim como ajudar as obras que são mantidas com
os direitos autorais desses mesmos livros. Além disso, Centros Espíritas e
livrarias espíritas, que usam os pequeninos lucros para a manutenção da casa
espírita e de suas obras sociais, são igualmente beneficiadas pela aquisição
dos livros e, atualmente, também dos DVDs, CDs, entre outras fontes de
divulgação).
“Você poderia contar-nos como é a
mediunidade?!
“Sim. Irei tentar... (E Divaldo profere
a palestra sob o auxílio espiritual de Humberto de Campos e, no dia seguinte,
faz sua segunda palestra, também sob a orientação do mesmo mentor espiritual).
De qualquer
maneira, Divaldo hesita em auto intitular-se espírita quando questionado sobre
esse ponto, mesmo já tendo informações dos Guias Espirituais que ele deveria
seguir esse caminho, a partir da leitura de “O Livro dos Espíritos”. Hesita
justamente porque não havia lido nada, nem mesmo a obra básica da Doutrina
Espírita. De fato, nós não podemos ser algo que nem ao menos sabemos do que se
trata; não podemos usar de determinada auto-denominação sem termos lido, nem
mesmo de forma superficial, nenhuma obra fundamental para a aquisição desse
conhecimento. Caso contrário, estaremos sendo levianos, afirmando ser algo que,
em verdade, ainda não somos. Realmente, Divaldo não tinha, até então, lido nem
ao menos “O Livro dos Espíritos”, que constitui a base fundamental do corpo
doutrinário espírita. Por essa razão, usa de bom senso, sendo cuidadoso ao não
se intitular naquele momento como adepto do Espíritismo, o que ocorreria
efetivamente pouquíssimo tempo após esse episódio.
Leonardo Marmo Moreira