Todo
missionário do bem, por mais adiantado moral e intelectualmente que ele seja,
apresenta significativo nível de falibilidade.
A
única exceção (que tenha encarnado na Terra) seria Jesus, que, conforme questão
625 de “O Livro dos Espíritos”, seria “o ser mais perfeito que Deus nos
ofereceu para servir de modelo e guia”. Portanto, a infalibilidade relativa de
Jesus (infalibilidade associada às exigências da vida na Terra, pois perfeito
absoluto somente poderíamos considerar o próprio Deus) deve ser entendida como
a referência maior de Evolução espiritual para os habitantes do nosso planeta.
Entretanto, essa realidade pessoal de Jesus não significa que os textos
bíblicos a respeito do Mestre Nazareno são infalíveis, o que faz com que na
prática, todo conteúdo intelecto-moral que nos chega à nossa análise esteja
susceptível de maior ou menor contaminação com equívocos conceituais.
Além
disso, existem ainda mais dois problemas adicionais, que são: a linguagem (que
está sempre susceptível de ambigüidades, mudanças de jargão, modismos, entre
outros fatores, o que, inclusive, pode ser observado na própria Codificação
Kardequiana, quando os Espíritos relatam sua dificuldade em se fazerem
compreendidos alegando muitas vezes “a pobreza da linguagem humana”) e as dificuldades
de interpretação do interlocutor, isto é, as limitações intelecto-morais,
incluindo preconceitos e oscilações emocionais, dos discípulos do respectivo
conteúdo (Os referidos discípulos são os candidatos ao aprendizado dos
conteúdos de maior nível espiritual).
À
semelhança de um copo de água que não pode ser considerado 100% puro, pois, por
mais puro que seja, não chegará exatamente aos 100% de pureza, os conteúdos de
natureza religiosa e/ou espiritual também estão sujeitos a esse tipo de
limitação. A título de ilustração podemos citar as informações a respeito do
mundo espiritual, que são especialmente difíceis de serem testadas por
estudiosos encarnados, mesmo quando comparadas com informações relacionadas a
outros temas religiosos.
Assim
sendo, para nos aproximarmos da Verdade, devemos aplicar às questões religiosas
pensamentos lógicos e critérios científicos para não estarmos submetidos a
pseudo-revelações.
Devemos,
portanto, fazer uma “pré-seleção” da “água” que estamos consumindo, ou seja,
uma análise criteriosa das fontes de informação religiosa que estamos
considerando para nosso estudo comparativo. Se não fizermos essa pré-seleção,
gastaremos tempo e esforço, podendo não lograr excelência em nossas inferências
doutrinárias a partir destes estudos.
Por
outro lado, admitir que todos os textos, sem exceção, por mais notáveis que
sejam seus autores, em maior ou menor grau, estão susceptíveis de alguma
limitação contribui para que evitemos o fanatismo e a idolatria de determinados
autores, que são sempre atitudes prejudiciais para um crescimento intelectual
sustentável, sobretudo no que se refere a intervalos maiores de tempo de estudo.
Por
conseguinte, perante a aplicação de estratégias de estudos, que sejam realmente
racionais, tais como, a busca pela Universalidade do Ensino dos Espíritos
Superiores, é que nos aproximamos de uma fonte com elevada pureza. Obviamente,
esse objetivo de maneira nenhuma prescinde do esforço analítico e comparativo
dos estudiosos encarnados assim como do intercâmbio de informações entre os
referidos confrades encarnados. Desta forma, o crescimento doutrinário em
algumas áreas específicas por parte de alguns confrades pode contribuir para
que todo o movimento espírita eleve seu nível de compreensão e espiritualidade,
desde que tais informações sejam debatidas e analisadas com profundidade por
toda a comunidade espírita.
Leonardo Marmo Moreira
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