O centro espírita é a principal
sede do movimento espírita. Assim sendo, o centro espírita representa na crosta
terrestre a sede principal de estudos espíritas, permitindo, assim, aos
encarnados, o conhecimento da doutrina que resgata a essência do pensamento de
Jesus. Obviamente, o trabalho e o estudo na casa espírita não nos isentam do
estudo doutrinário pessoal em casa, ou seja, não nos libera da necessidade de
certo esforço pessoal em um processo que poderíamos chamar de “autodidatismo
espírita”. O “autodidatismo espírita” consiste, basicamente, em um esforço
pessoal e independente para adquirir o conhecimento doutrinário através do
estudo individual, sobretudo através de livros e DVDs (vídeos) espíritas, a fim
de conseguirmos atingir um nível mais amplo e consistente de conhecimento
doutrinário.
Nesse
contexto, devemos acrescentar a grande fonte de informações doutrinárias, na
qual se transformou a internet. De fato, através de um computador simples
conectado à famigerada rede mundial, é possível acessar grande fonte de
informações doutrinárias. O elevado número de páginas eletrônicas espíritas de
elevado nível doutrinário bem como a extraordinária oferta de excelentes
palestras e seminários espíritas no “Youtube”, além de fóruns de debates,
“e-books” e outras fontes de informação, constituem recursos modernos de acesso
ao conhecimento espírita que são, na prática, totalmente gratuitos. Vale
ressaltar que a gratuidade do acesso ao conteúdo doutrinário constitui algo
excepcionalmente relevante e ponto de honra de qualquer tipo de divulgação
digna da Doutrina Espírita.
Toda
a revolução social gerada pela internet consiste uma fonte excepcional de meios
de divulgação doutrinária. Entretanto, nem sempre estudamos da forma mais
condizente com as nossas necessidades prioritárias em termos de evolução
doutrinária. No autodidatismo (também chamado autodidaxia), estamos sujeitos a
eventualmente priorizar obras de conteúdo duvidoso em detrimento das reais
fontes de conhecimento espírita. É claro que devemos respeitar a liberdade de
pesquisa intelectual que é um direito inalienável de todos, mas, se nossa
diretriz é a aquisição do conhecimento espírita propriamente dito (e não apenas
um conhecimento espiritualista genérico, sem compromisso com as bases sólidas
da Doutrina Espírita), algum processo mínimo de prévia seleção de conteúdos
tornaria nossos esforços mais produtivos para nós mesmos, em primeiro lugar, e
para nossa possível contribuição no movimento espírita, principalmente se
levarmos em consideração a expansão editorial das obras espíritas dos últimos
anos.
Por
outro lado, mesmo o autodidatismo espírita consciente e bem orientado na
seleção de conteúdos e na construção do conhecimento espírita não isenta o
espírita militante da necessidade de contribuir na casa espírita.
O
trabalho na casa espírita e o próprio intercâmbio de idéias com confrades que
também estão estudando individualmente em casa permite que ocorra uma espécie
de seleção natural de conteúdos pelo grupo espírita do respectivo centro. Isto
ocorre porque, obviamente, todos os espíritas têm a mesma referência
fundamental que é, e sempre será, a Codificação de Allan Kardec.
Desta
forma, admitindo sempre a premissa de que o alicerce do conhecimento espírita
deve ser construído sobre as Bases Kardequianas, a boa vontade e o mínimo de
busca de coerência doutrinária por parte dos componentes de um grupo bem
orientado evitaria erros de interpretação doutrinária, pelo menos os mais
grosseiros. De fato, a troca de ideias entre os participantes do grupo, seja de
forma direta (em debates em grupos de estudos) ou indireta (através da
frequência a palestras públicas de diferentes confrades) beneficiaria a todos
através das contribuições dos estudos individuais de cada componente. Assim,
cada membro do grupo poderia “separar o joio do trigo” em relação ao conteúdo
individualmente apreendido, de uma forma mais eficiente, por meio da análise em
conjunto que a Casa Espírita pode oferecer. Realmente, quando um confrade faz
um estudo baseado em uma obra de excelente valor doutrinário que nós não
conhecemos, esse estudo serve para uma análise comparativa em relação a nossas
idéias prévias, tanto as mais bem consolidadas como as que despertam dúvidas e
necessitam ser mais efetivamente testadas através dos critérios da avaliação
qualitativa (conteúdo da mensagem, caráter moral do autor, coerência com as
bases doutrinárias e com a ciência da Terra etc.) e quantitativa (controle
universal do ensino dos espíritos). Ademais, esse tipo de citação desperta o
nosso interesse para obras de alta qualidade que ainda não conhecemos e que
podemos, igualmente, vir a estudar.
Allan
Kardec afirma que “o isolamento religioso assim como o isolamento social conduz
o indivíduo ao egoísmo”. Portanto, o trabalho na casa espírita deve ser
valorizado, sem deixarmos de apoiar, obviamente, o concomitante estudo de
pessoas e/ou famílias em casa, incluindo os esforços empreendidos no “Evangelho
no Lar”. Todavia, somente o estudo pessoal e/ou familiar em casa, pelo menos na
grande maioria das vezes, não atenderia aos compromissos e responsabilidades
que o Espírita consciente tem perante o Movimento Espírita.
Leonardo Marmo Moreira
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