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quarta-feira, 1 de maio de 2013

O Estudo Doutrinário no Centro Espírita e o Autodidatismo Espírita


                O centro espírita é a principal sede do movimento espírita. Assim sendo, o centro espírita representa na crosta terrestre a sede principal de estudos espíritas, permitindo, assim, aos encarnados, o conhecimento da doutrina que resgata a essência do pensamento de Jesus. Obviamente, o trabalho e o estudo na casa espírita não nos isentam do estudo doutrinário pessoal em casa, ou seja, não nos libera da necessidade de certo esforço pessoal em um processo que poderíamos chamar de “autodidatismo espírita”. O “autodidatismo espírita” consiste, basicamente, em um esforço pessoal e independente para adquirir o conhecimento doutrinário através do estudo individual, sobretudo através de livros e DVDs (vídeos) espíritas, a fim de conseguirmos atingir um nível mais amplo e consistente de conhecimento doutrinário.

Nesse contexto, devemos acrescentar a grande fonte de informações doutrinárias, na qual se transformou a internet. De fato, através de um computador simples conectado à famigerada rede mundial, é possível acessar grande fonte de informações doutrinárias. O elevado número de páginas eletrônicas espíritas de elevado nível doutrinário bem como a extraordinária oferta de excelentes palestras e seminários espíritas no “Youtube”, além de fóruns de debates, “e-books” e outras fontes de informação, constituem recursos modernos de acesso ao conhecimento espírita que são, na prática, totalmente gratuitos. Vale ressaltar que a gratuidade do acesso ao conteúdo doutrinário constitui algo excepcionalmente relevante e ponto de honra de qualquer tipo de divulgação digna da Doutrina Espírita.

Toda a revolução social gerada pela internet consiste uma fonte excepcional de meios de divulgação doutrinária. Entretanto, nem sempre estudamos da forma mais condizente com as nossas necessidades prioritárias em termos de evolução doutrinária. No autodidatismo (também chamado autodidaxia), estamos sujeitos a eventualmente priorizar obras de conteúdo duvidoso em detrimento das reais fontes de conhecimento espírita. É claro que devemos respeitar a liberdade de pesquisa intelectual que é um direito inalienável de todos, mas, se nossa diretriz é a aquisição do conhecimento espírita propriamente dito (e não apenas um conhecimento espiritualista genérico, sem compromisso com as bases sólidas da Doutrina Espírita), algum processo mínimo de prévia seleção de conteúdos tornaria nossos esforços mais produtivos para nós mesmos, em primeiro lugar, e para nossa possível contribuição no movimento espírita, principalmente se levarmos em consideração a expansão editorial das obras espíritas dos últimos anos.

Por outro lado, mesmo o autodidatismo espírita consciente e bem orientado na seleção de conteúdos e na construção do conhecimento espírita não isenta o espírita militante da necessidade de contribuir na casa espírita.

O trabalho na casa espírita e o próprio intercâmbio de idéias com confrades que também estão estudando individualmente em casa permite que ocorra uma espécie de seleção natural de conteúdos pelo grupo espírita do respectivo centro. Isto ocorre porque, obviamente, todos os espíritas têm a mesma referência fundamental que é, e sempre será, a Codificação de Allan Kardec.

Desta forma, admitindo sempre a premissa de que o alicerce do conhecimento espírita deve ser construído sobre as Bases Kardequianas, a boa vontade e o mínimo de busca de coerência doutrinária por parte dos componentes de um grupo bem orientado evitaria erros de interpretação doutrinária, pelo menos os mais grosseiros. De fato, a troca de ideias entre os participantes do grupo, seja de forma direta (em debates em grupos de estudos) ou indireta (através da frequência a palestras públicas de diferentes confrades) beneficiaria a todos através das contribuições dos estudos individuais de cada componente. Assim, cada membro do grupo poderia “separar o joio do trigo” em relação ao conteúdo individualmente apreendido, de uma forma mais eficiente, por meio da análise em conjunto que a Casa Espírita pode oferecer. Realmente, quando um confrade faz um estudo baseado em uma obra de excelente valor doutrinário que nós não conhecemos, esse estudo serve para uma análise comparativa em relação a nossas idéias prévias, tanto as mais bem consolidadas como as que despertam dúvidas e necessitam ser mais efetivamente testadas através dos critérios da avaliação qualitativa (conteúdo da mensagem, caráter moral do autor, coerência com as bases doutrinárias e com a ciência da Terra etc.) e quantitativa (controle universal do ensino dos espíritos). Ademais, esse tipo de citação desperta o nosso interesse para obras de alta qualidade que ainda não conhecemos e que podemos, igualmente, vir a estudar.

Allan Kardec afirma que “o isolamento religioso assim como o isolamento social conduz o indivíduo ao egoísmo”. Portanto, o trabalho na casa espírita deve ser valorizado, sem deixarmos de apoiar, obviamente, o concomitante estudo de pessoas e/ou famílias em casa, incluindo os esforços empreendidos no “Evangelho no Lar”. Todavia, somente o estudo pessoal e/ou familiar em casa, pelo menos na grande maioria das vezes, não atenderia aos compromissos e responsabilidades que o Espírita consciente tem perante o Movimento Espírita.

Leonardo Marmo Moreira

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