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quarta-feira, 24 de abril de 2013

Educação para Dormir


            O Espiritismo nos ensina algo muito importante e que jamais teve uma proposta, assim como uma explicação, tão ampla e profunda: a necessidade de educação intelecto-moral para aproveitarmos nossas horas de sono.

            Somos Espírito e usamos temporariamente um corpo físico. Todavia, mesmo durante a encarnação, não estamos totalmente presos ao corpo físico. Há situações em que recebemos uma espécie de “liberdade condicional”. Tais situações permitem que o Espírito goze de um pouco mais de liberdade em relação ao seu corpo físico. O caso mais comum desse tipo de “liberdade condicional” ocorre através do sono físico.

            Do ponto de vista físico, realmente necessitamos de aproximadamente oito (8) horas de sono por dia; mas, do ponto de vista espiritual, jamais ocorre qualquer tipo de interrupção de nossas atividades mento-espirituais. Dessa forma, a consciência não para de atuar jamais. De fato, durante as horas de sono físico, podemos adquirir (O Espírito propriamente dito, isto é, o princípio inteligente do universo, a verdadeira individualidade, também chamada de mente ou Eu superior, o qual é acompanhado pelo perispírito ou corpo espiritual) uma liberdade parcial em relação ao corpo físico.

            Isso não significa que se eu costumo dormir oito (8) horas por dia, eu costumo estar desdobrado oito (horas) por dia. Em um bom intervalo desse tempo, o Espírito pode estar “coincidente” como o corpo físico, ou seja, justaposto ao corpo, mas, de qualquer maneira, uma boa parte desse intervalo de tempo dedicado ao sono físico pode estar, e frequentemente está, associado a um desdobramento efetivo do Espírito.

            O desdobramento parcial pelo sono físico, com raras e especiais exceções, tem sido muito mal aproveitado pela humanidade. Na verdade, a grande maioria das pessoas piora sua condição espiritual durante as horas de desdobramento parcial pelo sono físico. A chamada “vigilância moral” é frequentemente relaxada durante as horas de sono e, desta forma, muitas tendências negativas que controlamos durante a vigília, não controlamos durante o sono físico. Isso explica, pelo menos parcialmente, a ocorrência de muitos sonos grosseiros em que podemos nos surpreender em atitudes que somos incapazes de tomar durante o dia. Tal contexto tende a ser minimizado com o estudo mais sério do Espiritismo e com um esforço mais sincero na aplicação desses princípios libertadores a nós mesmos.

            De fato, longe de aproveitarmos nossas horas de contato mais efetivo com o mundo espiritual para gerarmos inspiração e iluminação espiritual para nós mesmos, nós desperdiçamos todo esse tempo e, o que é pior, muitas vezes ainda acentuamos viciações materiais, processos obsessivos e comprometimentos negativos de toda espécie.

            Um terço da vida física é um tempo gigantesco, que pode gerar intuições positivas para a resolução de inúmeros problemas existenciais que nos desafiam durante o dia (durante a vigília física). Por outro lado, e infelizmente de forma mais comum para o nível espiritual médio de nossa humanidade terrestre, podemos gastar esse tempo engendrando perturbações para nós mesmos e para outrem, conturbando a capacidade de desenvolvimento das tarefas diárias.

            Neste contexto, o hábito da oração antes de dormir é uma prática extremamente positiva e saudável do ponto de vista espiritual, e com inevitáveis conseqüências perispirituais e físicas. Entretanto, somente a oração não é suficiente. Muitos pensam que um simples “Pai Nosso” ou uma “Ave Maria” ou qualquer outra oração, decorada ou não, nos proporcionaria uma imunidade espiritual total, ou quase total, para todo e qualquer tipo de possível perturbação espiritual que podemos adquirir durante as horas de sono físico. Mas isso não é verdade. De fato, os pensamentos, sentimentos, fixações, palavras e atos que praticamos durante todo o dia constituem a preparação para a noite e para os hábitos que desenvolvemos durante o desdobramento parcial gerado durante o sono físico. De forma semelhante, tudo aquilo que fazemos, em Espírito, durante o respectivo desdobramento parcial, influencia nosso estado mental, nossa tranqüilidade, nossa capacidade de concentração, nosso apego ou não à matéria, nossas lembranças, incluindo as negativas e/ou as positivas, entre outros estados íntimos, durante o dia seguinte.

            Isso ocorre porque a consciência não para nunca e, não parando, estamos construindo nosso estado vibratório e nossas afinidades espirituais a cada instante e sempre, sem nenhuma interrupção em quaisquer que sejam as situações existenciais. Logo, um esforço de elevação de pensamentos de aproximadamente cinco (5) minutos ajuda, mas não pode reverter totalmente todo um dia inteiro de pensamentos negativos, agressivos, vingativos, ressentidos, depressivos que tenhamos cultivado.

            Assim, podemos gerar círculos viciosos ou círculos virtuosos durante esses ciclos de vigília-desdobramento parcial- vigília, dependendo de nossas diretrizes ético-morais e nossos esforços por empreender nossa evolução espiritual.

            As obras de André Luiz, através da mediunidade de Chico Xavier (citaríamos, a título de exemplo, a extraordinária obra “Missionários da Luz”, terceira obra da série “A Vida No Mundo Espiritual”), e as obras oriundas da mediunidade de Dona Yvonne do Amaral Pereira (tais como “Memórias de um Suicida”; “Devassando o Invisível” e “Recordações da Mediunidade”), entre outras, mostram grande número de casos em que a necessidade de educação para o sono é um dos pré-requisitos fundamentais para uma evolução espiritual sustentável e mais substancial. O estudo desta realidade e a tentativa de aplicação efetiva dessas informações em nossa melhoria íntima é fundamental a fim de gerar um salto qualitativo que nos permitiria adquirir, de fato, um patamar de maior espiritualidade durante toda nossa vida física, vinte e quatro (24) horas por dia.

Leonardo Marmo Moreira

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