Muitas
casas espíritas, sobretudo no passado, desenvolviam o tratamento de passes de
forma concomitante à preleção evangélica, ou seja, no decorrer da palestra de
esclarecimento evangélico-doutrinário. A escolha dessa metodologia de trabalho
poderia ser motivada por vários fatores, tais como grande número de assistentes
necessitados do passe, pequeno número de médiuns passistas e/ou limitações em
relação ao tempo total dispendido pela reunião pública (somatório do tempo da
palestra com o tempo do tratamento pelos passes).
Todavia,
mesmo considerando as nuances intrínsecas a cada casa espírita e a seus
respectivos trabalhos, tal forma de trabalho não deve ser admitida como a mais
adequada. Realmente, não havendo maiores impedimentos, os dirigentes espíritas
devem preferir desenvolver todo o trabalho de exposição doutrinária antes do
início de todo o trabalho de passes. Longe de “separar” tais trabalhos, essa
subdivisão conecta e otimiza sinergicamente a “evangelho-terapia” com a
transfusão magnética humano-espiritual do tratamento de passes.
Toda
a evangelização/doutrinação prepara vibratoriamente o indivíduo para que a
probabilidade de eficácia do tratamento pelos passes seja maior em função de
uma sintonia espiritual mais elevada por parte da pessoa que vai receber os
passes.
Além
disso, temos que admitir que a transfusão magnética é o auxílio fluídico
imediato, mas o conteúdo doutrinário, além de apresentar um impacto imediato,
traz valores para a nossa transformação definitiva. Muitos poderiam argumentar
que a prece é suficiente para a preparação espiritual prévia à fluidoterapia,
mas, na grande maioria das vezes, somente a prece não é suficiente, apesar de
indiscutivelmente ser um importante primeiro passo. Para ilustrar este fato
devemos nos lembrar dos casos de obsessão. Em casos de perturbação espiritual
obsessiva, é fundamental que o obsessor também ouça o Evangelho, o que pode
fazer com que o obsediado melhore em função da transformação moral através do
Evangelho por parte do obsessor, ou seja, da desistência do obsessor na continuidade
do seu objetivo perturbador, interrompendo a simbiose espiritual. Em outras
palavras, o obsessor muda para melhor e deixa de ser obsessor e,
consequentemente, o obsediado melhora espiritualmente, devido à perda da
companhia espiritual negativa, deixando de ser obsediado. É interessante
observar que às vezes o obsediado propriamente dito não mudou substancialmente
o seu comportamento para melhor, mas encontra a resolução para a perturbação
espiritual vivenciada no respectivo momento (a enfermidade espiritual imediata)
devido à transformação efetiva que o obsessor desenvolveu em si mesmo.
Todo
o conteúdo doutrinário constitui uma preparação fundamental para o chamado
passe humano-espiritual (passe através da presença e dos respectivos fluidos de
encarnados e desencarnados). De fato, o próprio passe espiritual (passe através
da presença e dos fluidos dos amigos desencarnados, sem uma participação
efetiva de passistas encarnados) pode ser ministrado pelos amigos espirituais
durante as palestras. Isso denota a relevância da atenção sincera à exposição
evangélico-doutrinária durante as reuniões públicas por parte da assistência.
As respectivas preleções fornecem material intelecto-moral valioso para todos
os presentes através de conteúdos filosóficos, científicos e religiosos
insertos tanto nas obras básicas como nas obras subsidiárias do Espiritismo,
permitindo a análise de todos os candidatos à reforma íntima.
Somente
encarando cada reunião espírita como uma comunhão em prol da reforma íntima,
que é o objetivo comum de todos os presentes à cada reunião espiritista, é que
conseguiremos atingir os objetivos fundamentais da transformação espiritual que
desejamos. Desta forma, a base construída pela exposição oral favorecerá uma
eficácia muito maior dos passes em função de já encontrar o recebedor do passe
em uma postura espiritual mais elevada (quiçá em um início de propósito sincero
de reforma íntima) e, portanto, mais receptivo, espiritual, emocional e
fluidicamente à respectiva transfusão de energias.
Leonardo Marmo Moreira
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