O
admirável orador e estudioso espírita Doutor Alberto Almeida faz uma importante
diferenciação entre a influência espiritual e a obsessão simples propriamente
dita.
Segundo Doutor
Alberto Almeida, a influência espiritual é o contato fluídico negativo ou a
presença espiritual de entidade sofredora, perturbada e perturbadora, que
ocorre com freqüência em nosso dia-a-dia em contatos sociais e tarefas diárias.
Tal influência básica costuma durar, por exemplo, 5, 6, ou 12 horas. É causada,
por exemplo, por um encontro inesperado com um amigo que sofre algumas
influências espirituais negativas e não está muito bem espiritualmente ou pela
visita a uma banca de jornal que não está com uma psicosfera elevada. É
possível, inclusive, sentir o impacto físico destas influências, através, por
exemplo, de dores de cabeça e bocejos, entre outros sintomas, se tivermos um
mínimo de sensibilidade mediúnica.
Desta forma, a
influência mediúnica básica tende a ser mais facilmente controlada por todos
aqueles que cultivam a oração, a leitura evangélica diária, o evangelho no lar,
a freqüência à casa espírita (ou a uma casa de oração que apresenta uma
mensagem de significativo valor espiritual), etc. Os centros espíritas têm
barreiras vibratórias, que são mais ou menos intensas e rigorosas em seu
processo seletivo de Espíritos ingressantes, dependendo da qualidade espiritual
e do mérito do trabalho espírita do grupo ali reunido. Assim, Espíritos que
estão “acompanhando” companheiros que chegam para uma reunião pública no centro
espírita, por exemplo, podem ser afastados, frequentemente, logo na chegada
destes irmãos ao centro. E se, por qualquer motivo, for permitido que ele entre
na casa para acompanhar a reunião, provavelmente será orientado e a influência
será eliminada.
O caso da
obsessão simples é mais complexo, pois seja pelos vícios em comum, pelo desejo
de vingança ou pela afinidade vibratória, associados sempre a um vazio existencial
e/ou monoidéia, o Espírito já gerou um acoplamento perispírito-a-perispírito de
alta intensidade de aderência fluídica, tornando-se difícil, portanto, de ser
erradicado. Essa simbiose espiritual mais profundamente instalada, usualmente,
requer um tratamento espiritual assíduo e bem mais longo do que uma, duas ou
três reuniões, as quais, em alguns casos, são suficientes para a eliminação da
influência espiritual básica. Na obsessão simples, muitas vezes faz-se
necessário uma série de medidas, tais como o reconhecimento do problema, uma
mudança consistente de atitudes morais, esforço diário no evangelho no lar,
transformação moral de toda a família, entre outros.
A fascinação é
quando o obsediado não se reconhece como tal. Acredita-se iluminado. Crê que
suas idéias estão sempre corretas. Muitas vezes pensa que só ele está certo e
que todos os outros estão completamente errados em variados assuntos. Está,
usualmente, associada ao orgulho e/ou à vaidade de variadas nuances, com
especial destaque para a vaidade intelectual, muitas vezes envolvendo a área
religiosa. De fato, frequentemente, a fascinado admite que somente Espíritos de
escol o influenciem. É um caso muito complicado para ser tratado, pois todos
aqueles que tentam “abrir” os olhos do fascinado são considerados por este como
pessoas ignorantes ou como os verdadeiros obsediados. Foi considerada por Allan
Kardec como sendo mais difícil de ser tratada do que as mais graves
subjugações, pois o fato de se reconhecer doente e necessitado de ajuda espiritual
é fundamental para a resolução do problema. No caso do fascinado, ele se
considera um gênio (portanto, muito mais inteligente do que os outros) e/ou
grande missionário e/ou verdadeiro mentor espiritual encarnado. Não é trivial,
portanto, identificar seus pontos negativos para tentar melhorá-los já que,
para o fascinado, esses aspectos negativos não existem.
Os casos de
subjugação constituem casos muito graves de obsessão, os quais frequentemente
geram conseqüências físicas facilmente identificáveis. O domínio do Espírito
obsessor sobre os pensamentos, sentimentos, falas e ações do obsediado é
explícito e mesmo quem não tem conhecimento doutrinário pode admitir a hipótese
de causa espiritual em função da extravagância dos fenômenos. Tais casos podem gerar a chamada
“transfiguração”, ou seja, uma mudança da expressão facial do encarnado
(obsediado), tamanha é a intensidade do acoplamento perispírito-a-perispírito.
O tratamento destes casos normalmente é muito lento e gradual exigindo grande
paciência do enfermo, da família e dos trabalhadores da casa espírita.
Possessão foi
uma palavra que Allan Kardec rejeitou no início da Codificação. Essa rejeição
tinha dois motivos principais. O primeiro é que tal termo estava muito
associado às crenças de possessão demoníaca e como o Espiritismo não aceita a
existência do chamado “Demônio”, poderia ser um conceito muito deturpado e
negativo, do ponto de vista didático, em relação ao objetivo de divulgação dos
verdadeiros postulados doutrinários. O segundo é que Kardec considerava que
nunca um Espírito poderia “possuir” totalmente o corpo de outra pessoa, por
mais que a influenciasse intensamente. Desta forma, o termo novamente sugeria
um significado diferente do que acontecia realmente. Entretanto, já nos últimos
livros da Codificação, Kardec percebe que existiam alguns casos de subjugação
tão graves, tão intensos, nos quais o Espírito encarnado (o “dono” do corpo)
era quase que completamente deslocado do corpo (desdobramento parcial da
consciência), que ficava sob um domínio de grandes proporções do(s) obsessor(es).
Este tipo de obsessão impressionou de tal maneira o Codificador e, de certa
forma, mostrou-se tão mais grave do que as subjugações (que já são muito
graves!), que Allan Kardec passa a utilizar o termo para os casos mais intensos
de subjugação, nos quais as conseqüências espirituais, perispirituais e físicas
são extremamente nocivas para o obsediado. É claro que o tratamento destes
enfermos é tarefa altamente complexa, requisitando grupos amadurecidos doutrinária
e espiritualmente para que os mesmos consigam conduzir a bom termo tratamentos
frequentemente de longo e longuíssimo prazo.
Leonardo Marmo Moreira
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