A
obsessão é a influência negativa persistente que um Espírito gera sobre outro
através da transmissão de suas idéias perturbadas e perturbadoras, muitas vezes
acompanhadas de sensações de baixo teor, as quais podem estar ou não associadas
diretamente às idéias sugeridas.
Os
personagens típicos da obsessão são o “candidato a obsediado” ou “obsediado
propriamente dito” (também chamado “obsedado” ou “hospedeiro”); e o obsessor
(“hóspede” ou ainda “parasita espiritual”).
Quando
um indivíduo decide por “obsediar” (ou “obsedar”) alguém, passando a agir
efetiva e conscientemente como perturbador da paz alheia, caracteriza-se como
obsessor. No entanto, isso não significa necessariamente que o “indivíduo-alvo”
passou automaticamente a ser caracterizado como obsediado. Realmente, para que
o processo da obsessão se instale, faz-se necessário que o “indivíduo-alvo”
“aceite” a influência negativa. Isto ocorre porque a chamada “afinidade
espiritual”, isto é, a semelhança de nível espiritual, através de desejos,
pensamentos, sentimentos e ações afins, é base para toda a interação entre
Espíritos. Logo, um indivíduo de nível intelecto-moral elevado tende a
minimizar, através da vigilância em relação à sua própria conduta, a
probabilidade de sofrer influências espirituais inferiores.
No
caso da obsessão mais popularmente conhecida, o obsessor é um Espírito
desencarnado e o obsediado é um ser encarnado. Neste caso, portanto, o fenômeno
básico e essencial da influenciação negativa dá-se através da telepatia, isto
é, da transmissão de pensamentos, os quais podem ser captados pelo
“indivíduo-alvo”, a priori, como sendo seus próprios pensamentos. Além disso, a
influenciação fluídica do Espírito obsessor acompanha a transmissão de seus
pensamentos, o que é algo muito relevante, pois nem sempre conseguimos fazer um
juízo de valor da proposta intelectual que nos chega à mente, mas as intenções
mais ou menos materializadas do Espírito que se aproxima geram impactos
físico-espirituais identificáveis por aqueles que possuem um conhecimento
doutrinário mínimo. Neste contexto, deve-se acrescentar ao conhecimento do
Espiritismo propriamente dito um significativo auto-conhecimento, pois somente
se auto-conhecendo profundamente, o ser encarnado poderá identificar, com
segurança, influências espirituais negativas que piorem sua média de
pensamentos e sentimentos. Daí, vale a recomendação de Jesus: “Olhai, vigiai e
orai para não cairdes em tentação”.
Em
“O Livro dos Espíritos”, Allan Kardec interroga na Questão 459: “Os Espíritos
influem sobre os nossos pensamentos e as nossas ações?” A falange do Espírito
de Verdade responde: “Nesse sentido a sua influência é maior do que supondes,
porque muito frequentemente são eles que vos dirigem”. Essa contundente
resposta denota como o problema da obsessão é comum e grave em nossa sociedade.
Tal gravidade tem várias causas, as quais são associadas ao fato da existência
da obsessão ser totalmente ignorada pela grande maioria das criaturas
encarnadas.
De fato, um
indivíduo materialista ignora a existência dos Espíritos e, por conseqüência,
da imortalidade da alma. Portanto, o materialista jamais vai cogitar da
existência da obsessão. Além disso, mesmo considerando os chamados
espiritualistas (aqueles que acreditam na existência e na imortalidade da
alma), temos que convir que, em sua maioria, são constituídos por indivíduos
que não admitem a comunicabilidade os Espíritos, ainda mais a sua influência
negativa com tamanha intensidade.
Neste
contexto, o estudo do Espiritismo tem um papel fundamental para a melhoria de
um grande número de enfermidades espirituais. Ainda assim, nós, Espíritas, não
estamos isentos do risco de sermos obsediados. De fato, muitas vezes podemos
estar “fascinados”, ou seja, influenciados por Espíritos inferiores e julgando
estarmos orientados por grandes mentores espirituais. As causas dessa
incidência estão fundamentadas, como já foi mencionado, na falta de um maior
aprofundamento doutrinário, associada a uma ausência de auto-conhecimento.
Juntamente com estes dois fatores, nossas más paixões (mesmo quando
identificadas pelo processo de auto-conhecimento) como o orgulho, a vaidade (de
variados tipos), o egoísmo, a sensualidade, a glutonaria, o ressentimento,
entre outras, constituem brechas morais que permitem a ação efetiva de seres
inferiores.
Realmente, a
identificação de tais fragilidades consiste em um primeiro passo para a sua
erradicação, mas não representam, de maneira nenhuma, a eliminação total destas
características pessoais, que é um processo lento, contínuo e progressivo de
luta íntima. Ainda mais quando a existência dessas falhas morais esteja
correlacionada à ausência de um compromisso sincero em nossa transformação
espiritual para o bem, o útil, o verdadeiro e o belo, fazendo com que o
conhecimento superficial de preceitos doutrinários não nos isente de estarmos
sujeitos a influências intensas que podem gerar quadros realmente dolorosos.
Em
suma, vale lembrar a Codificação Kardequiana: “Reconhece-se o Verdadeiro
Espírita pela sua transformação moral e pelos esforços que empreende para
dominar suas más inclinações”. Logo, o Espírita consciente cuida da sua
“higiene espiritual” diária em uma atitude de responsabilidade sempre crescente
em relação às Leis da Vida e aos nossos compromissos para com essas Leis,
minimizando, dessa forma, as ocorrências de influenciações espirituais
negativas e evitando a instalação de processos obsessivos em si mesmo.
Leonardo Marmo Moreira
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