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quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

A Obsessão e o Espírita


                A obsessão é a influência negativa persistente que um Espírito gera sobre outro através da transmissão de suas idéias perturbadas e perturbadoras, muitas vezes acompanhadas de sensações de baixo teor, as quais podem estar ou não associadas diretamente às idéias sugeridas.
                Os personagens típicos da obsessão são o “candidato a obsediado” ou “obsediado propriamente dito” (também chamado “obsedado” ou “hospedeiro”); e o obsessor (“hóspede” ou ainda “parasita espiritual”).
                Quando um indivíduo decide por “obsediar” (ou “obsedar”) alguém, passando a agir efetiva e conscientemente como perturbador da paz alheia, caracteriza-se como obsessor. No entanto, isso não significa necessariamente que o “indivíduo-alvo” passou automaticamente a ser caracterizado como obsediado. Realmente, para que o processo da obsessão se instale, faz-se necessário que o “indivíduo-alvo” “aceite” a influência negativa. Isto ocorre porque a chamada “afinidade espiritual”, isto é, a semelhança de nível espiritual, através de desejos, pensamentos, sentimentos e ações afins, é base para toda a interação entre Espíritos. Logo, um indivíduo de nível intelecto-moral elevado tende a minimizar, através da vigilância em relação à sua própria conduta, a probabilidade de sofrer influências espirituais inferiores.
                No caso da obsessão mais popularmente conhecida, o obsessor é um Espírito desencarnado e o obsediado é um ser encarnado. Neste caso, portanto, o fenômeno básico e essencial da influenciação negativa dá-se através da telepatia, isto é, da transmissão de pensamentos, os quais podem ser captados pelo “indivíduo-alvo”, a priori, como sendo seus próprios pensamentos. Além disso, a influenciação fluídica do Espírito obsessor acompanha a transmissão de seus pensamentos, o que é algo muito relevante, pois nem sempre conseguimos fazer um juízo de valor da proposta intelectual que nos chega à mente, mas as intenções mais ou menos materializadas do Espírito que se aproxima geram impactos físico-espirituais identificáveis por aqueles que possuem um conhecimento doutrinário mínimo. Neste contexto, deve-se acrescentar ao conhecimento do Espiritismo propriamente dito um significativo auto-conhecimento, pois somente se auto-conhecendo profundamente, o ser encarnado poderá identificar, com segurança, influências espirituais negativas que piorem sua média de pensamentos e sentimentos. Daí, vale a recomendação de Jesus: “Olhai, vigiai e orai para não cairdes em tentação”.
                Em “O Livro dos Espíritos”, Allan Kardec interroga na Questão 459: “Os Espíritos influem sobre os nossos pensamentos e as nossas ações?” A falange do Espírito de Verdade responde: “Nesse sentido a sua influência é maior do que supondes, porque muito frequentemente são eles que vos dirigem”. Essa contundente resposta denota como o problema da obsessão é comum e grave em nossa sociedade. Tal gravidade tem várias causas, as quais são associadas ao fato da existência da obsessão ser totalmente ignorada pela grande maioria das criaturas encarnadas.
De fato, um indivíduo materialista ignora a existência dos Espíritos e, por conseqüência, da imortalidade da alma. Portanto, o materialista jamais vai cogitar da existência da obsessão. Além disso, mesmo considerando os chamados espiritualistas (aqueles que acreditam na existência e na imortalidade da alma), temos que convir que, em sua maioria, são constituídos por indivíduos que não admitem a comunicabilidade os Espíritos, ainda mais a sua influência negativa com tamanha intensidade.
                Neste contexto, o estudo do Espiritismo tem um papel fundamental para a melhoria de um grande número de enfermidades espirituais. Ainda assim, nós, Espíritas, não estamos isentos do risco de sermos obsediados. De fato, muitas vezes podemos estar “fascinados”, ou seja, influenciados por Espíritos inferiores e julgando estarmos orientados por grandes mentores espirituais. As causas dessa incidência estão fundamentadas, como já foi mencionado, na falta de um maior aprofundamento doutrinário, associada a uma ausência de auto-conhecimento. Juntamente com estes dois fatores, nossas más paixões (mesmo quando identificadas pelo processo de auto-conhecimento) como o orgulho, a vaidade (de variados tipos), o egoísmo, a sensualidade, a glutonaria, o ressentimento, entre outras, constituem brechas morais que permitem a ação efetiva de seres inferiores.
Realmente, a identificação de tais fragilidades consiste em um primeiro passo para a sua erradicação, mas não representam, de maneira nenhuma, a eliminação total destas características pessoais, que é um processo lento, contínuo e progressivo de luta íntima. Ainda mais quando a existência dessas falhas morais esteja correlacionada à ausência de um compromisso sincero em nossa transformação espiritual para o bem, o útil, o verdadeiro e o belo, fazendo com que o conhecimento superficial de preceitos doutrinários não nos isente de estarmos sujeitos a influências intensas que podem gerar quadros realmente dolorosos.
                Em suma, vale lembrar a Codificação Kardequiana: “Reconhece-se o Verdadeiro Espírita pela sua transformação moral e pelos esforços que empreende para dominar suas más inclinações”. Logo, o Espírita consciente cuida da sua “higiene espiritual” diária em uma atitude de responsabilidade sempre crescente em relação às Leis da Vida e aos nossos compromissos para com essas Leis, minimizando, dessa forma, as ocorrências de influenciações espirituais negativas e evitando a instalação de processos obsessivos em si mesmo.

Leonardo Marmo Moreira

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