A
alma, isto é, o espírito em sua condição de encarnado, encontra-se fortemente
ligado ao corpo físico. Essa forte ligação tem no “cordão de prata” (também
chamado “cordão prateado” ou “cordão fluídico”) o principal elo entre o corpo
físico e o períspirito (também chamado “psicossoma”, “corpo espiritual”, “corpo
astral” ou “modelo organizador biológico (MOB)”), ou seja, o principal laço de
conexão entre o períspirito, que envolve o espírito propriamente dito, e o corpo
material. No entanto, apesar dessa forte ligação, o períspirito, e por consequência
o espírito propriamente considerado, não se encontra totalmente “enclausurado”
no corpo físico.
De
fato, os limites do períspirito transcendem os limites espaciais do corpo
físico, fazendo com que o períspirito não se restrinja a uma disposição
espacial “dentro” do corpo material. Pelo contrário, irradia-se e mantém um
campo energético intenso nas imediações do corpo físico, o qual é conhecido
popularmente como “aura”.
Em
determinadas situações, o períspirito pode ter mais facilidade para se afastar
do corpo físico, caracterizando o chamado “desdobramento”, o qual pode ser
consciente ou inconsciente, ou seja, o espírito pode estar mais ou menos lúcido
durante esse fenômeno.
Esse
“desprendimento”, também chamado “projeção da consciência”, só será definitivo
por ocasião da morte do corpo físico (a chamada “projeção definitiva”).
Entretanto, considerando que aproximadamente um terço de nossa vida física é
gasto durante os períodos de sono, o espírita, assim como qualquer indivíduo
minimamente esclarecido quanto às verdades espirituais , deve esforçar-se para
melhor aproveitar esses intervalos preciosos de tempo, os quais são
fundamentais para o refazimento do corpo físico. De fato, o corpo precisa
descansar, mas o espírito não. As
atividades do espírito nunca param, o que permite inferir que muito do que
enfrentamos de dificuldades durante a vigília pode (e deve) estar relacionado com
as atitudes que tornamos durante o desdobramento parcial pelo sono físico,
mesmo que não nos lembremos dessas experiências quando acordados. Por outro
lado, muitas ajudas e facilidades que eventualmente surpreendem-nos durante o
dia, podem ter sido construídas, por
meio de esforços edificantes, em desdobramentos parciais durante o sono físico.
André
Luiz, em “Missionários da Luz”, narra dois casos de trabalhadores espíritas que
perderam oportunidades espirituais valiosas durante o desprendimento parcial
noturno em função de viciações mentais, as quais devido ao mau uso do
livre-arbítrio, tornaram seus respectivos padrões vibratórios totalmente
inadequados para os trabalhos de iluminação espiritual que estavam vinculados e
comprometidos.
O
fenômeno de “Emancipação da alma”, cujo exemplo básico e mais geral é
representado pelo binômio sono/sonhos, é discutido pela falange do Espírito de
Verdade em “O Livro dos Espíritos”, sendo que se trata de um evento
fundamentalmente anímico, ou seja, basicamente gerado pela própria alma do
indivíduo encarnado. Contudo, nestes episódios, é extremamente comum a
ocorrência de contato espiritual, o que torna, portanto, tal vivência, na
maioria das vezes, um processo misto, isto é, um fenômeno anímico-mediúnico. De
fato, mesmo quando o encarnado não percebe a presença de entidades, não
significa que elas não estejam presentes (devido às diferenças vibratórias
entre os espíritos presentes). Obviamente, é possível um processo totalmente
individual e independente de emancipação da alma, mas, em grande número de casos,
mesmo quando não perceba, o espírito desdobrado pode estar em contato com
outras individualidades, as quais podem ser encarnadas (desdobradas ou não) ou
desencarnadas, podendo igualmente ser moralmente elevadas ou não.
Dentro
deste contexto, podem acontecer diálogos, orientações e até mesmo terapêuticas
espirituais, nas quais o encarnado desdobrado pode ser tratado ou pode ser
colaborador no tratamento de entidades sofredoras, quando, obviamente, pelo seu
nível intelecto-moral elevado, sua tarefa fora do corpo encontra-se dentro das
missões iluminativas.
Por
outro lado, podem acontecer discussões, agressões, contatos sensuais e obsessões
de variados tipos quando o nível moral do encarnado desdobrado está muito
materializado, o que o faz interagir predominantemente com espíritos de nível
mental semelhante.
É
importante frisar que dentro da chamada “paranormalidade” existem fenômenos
preponderantemente anímicos, como são os casos mais simples de “emancipação da
alma”, nos quais não existe uma influência ostensiva detectável de outras
entidades, e fenômenos predominantemente mediúnicos, que consistem,
principalmente, na ação do espírito desencarnado através do médium. Há também
outros tipos de fenômenos chamados anímicos, nos quais eclode uma personalidade
do passado do próprio “paranormal”, que, em um estado alterado de consciência,
pode fornecer uma comunicação que faz supor, a priori, a presença de outro
espírito, mas que, na realidade, é o próprio médium atuando através de uma
recordação inconsciente de vida ou bagagem passada. Neste caso, o fenômeno
paranormal é autêntico, não se tratando de fraude, porém é outra “persona” do
mesmo espírito encarnado se comunicando, ou seja, é uma lembrança de encarnação
passada, mesmo que, em um primeiro momento, tal realidade possa não ser
percebida. O trabalho persistente e o estudo constante, muitas vezes envolvendo
a gravação das reuniões mediúnicas e sua posterior análise por todo o grupo
mediúnico, são, frequentemente, imprescindíveis para a identificação desta realidade.
Leonardo Marmo Moreira
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