O Mal de
Alzheimer consiste em um grave distúrbio mnemônico ainda pouco conhecido em
suas complexidades pela nossa atual ciência. Essa doença caracteriza-se por
esquecimentos bastante pronunciados, sobretudo da chamada “memória curta”,
também denominada “memória recente”. A partir de determinado momento, a
sintomatologia vai se agravando e o paciente passa também a perder a lembrança
de fatos mais distantes no tempo, ou seja, a “memória longa ou distante”. Por
último, o indivíduo perde a chamada “memória da rotina”, não conseguindo mais
desenvolver tarefas triviais do cotidiano sem a ajuda de outrem. É por essa
razão que os médicos e terapeutas recomendam aos pacientes manter a rotina,
para que a segurança no desempenho das atividades corriqueiras do cotidiano não
seja afetada. Exemplos bastante drásticos de tal patologia, mas não
necessariamente raros, abrangem casos esdrúxulos como o paciente que passa a
guardar o relógio ou o telefone dentro da geladeira, ou casos como um homem que
durante toda a vida fez perfeitamente o nó da gravata (ou amarrou os cadarços
dos sapatos) e que, a partir de certo momento, passa a não mais saber fazer tal
tarefa.
Esta enfermidade pode ocorrer precocemente
(como, por exemplo, em alguns pacientes de Síndrome de Down), a qual estaria
bastante associada à hereditariedade. Entretanto, o Mal de Alzheimer ocorre
mais usualmente em idades avançadas e, neste caso, não necessariamente teria
uma forte correlação genética. De fato, o Mal de Alzheimer tardio ocorre
frequentemente a partir dos 65 anos. Com o aumento da expectativa de vida, tem
aumentado a relevância de doenças degenerativas tipicamente geriátricas, como é
o caso do Mal de Alzheimer, o qual é a principal causa de demência encontrada
em nossos idosos. Portanto, cada vez mais esta enfermidade será uma
problemática a ser enfrentada pelas atuais e futuras famílias. Uma das
peculiaridades do Mal de Alzheimer é que seu diagnóstico é feito comumente por
exclusão, ou seja, a partir da eliminação de outras hipótese causais para o
conjunto de sintomas de esquecimento apresentados pelo paciente. Isso ocorre
porque outras opções de busca do respectivo diagnóstico envolvem,
frequentemente, métodos altamente invasivos como é o caso da biópsia cerebral,
o que, obviamente, não deve ser o procedimento de escolha inicial por parte dos
médicos e estudiosos deste Mal.
As medidas
preventivas mais recomendadas são a atividade física; a busca por uma ótima
condição cardiorrespiratória; evitar ao máximo, e, se ocorrer, controlar
rigorosamente os sintomas do Diabetes; e trabalho intelectual, inclusive com
uma recomendação comum de práticas como palavras-cruzadas e quebra-cabeças,
entre outras. Além disso, é interessante ressaltar que é comum a ocorrência de
depressão em pacientes com Mal de Alzheimer. De qualquer maneira, a chamada
“medicina oficial” ou “medicina ortodoxa” considera não haver tratamento
curativo para tal enfermidade, ou seja, a terapia objetiva o controle dos
sintomas, sendo que as medicações mais empregadas, como é o caso dos
anticolinesterásicos, apresentam em torno de um terço de melhora cognitiva, um
terço de estabilização, com o terço restante de pacientes que não respondem
satisfatoriamente ao respectivo tratamento.
Estudos
desenvolvidos pela Associação Médico-Espírita (AME), em que destacamos a
atuação da Dra. Alessandra Granero, médica geriatra e do Dr. Décio Iandoli
Júnior, renomado professor e autor de obras espíritas, tem levantado algumas
hipóteses de causas espirituais, baseados em estudos sistemáticos de obras
espíritas, como as obras de André Luiz. Estes estudiosos têm citado a rigidez
de caráter (inflexibilidade), a culpa, os processos obsessivos graves, a
depressão e os sentimentos doentios, tais como ódio e mágoa (sobretudo quando
mantidos a médio e longo prazos), como causas espirituais para a ocorrência do
Mal de Alzheimer.
É interessante
que características intelecto-morais relacionadas à religiosidade aparentemente
não são facilmente perdidas, pelo menos nas fases iniciais da doença, o que
permite com mais facilidade, recorrer a terapias espirituais efetivas, com a
participação ativa do paciente. Obviamente, o papel da família em enfermidades
deste tipo é de importância central, tanto para a melhoria da qualidade de vida
do paciente, quanto do ponto de vista das questões espirituais, pois muitas
vezes o grupo familial está associado às causas cármicas que levaram o
indivíduo a desenvolver tal problemática. O acompanhamento espiritual é
fundamental também para a família, pois os entes queridos sofrem muito com o
gradual “distanciamento” do ser amado, que passa por um processo lento, porém
consistente, de perda de interação cognitiva com os familiares e amigos. Alguns
chegam a afirmar tratar-se de um lento e gradual “processo de desencarnação”.
Se analisarmos
que, em concordância com André Luiz em “Ação e Reação”, as tarefas
desenvolvidas na terceira idade repercutem muito em nossa futura condição
espiritual na erraticidade, devemos considerar de alta responsabilidade o
esforço dos amigos, familiares e terapeutas, mesmo que aparentemente
improfícuo, na melhoria das condições dos irmãos que estão passando por essa
provação. A necessidade de trabalho intelectual e a tendência à depressão
denotam a necessidade de amplo esforço em tarefas de alto nível
intelecto-moral. As prováveis causas espirituais, como processos obsessivos e
atitudes de intransigência moral, entre outras, indicam a necessidade de
contínuo esforço de esclarecimento espiritual, se possível com leitura diária
de páginas evangélico-doutrinárias e freqüência, se possível semanal, à casa
espírita para tratamento com passes.
De qualquer
maneira, o aumento do número de casos do Mal de Alzheimer é um alerta a todos
nós para que cuidemos da nossa casa espiritual e do nosso corpo físico (nossa
principal casa material) assim como das respectivas “casas espirituais e
matérias” de familiares e amigos, não só para que vivamos fisicamente muito
tempo, mas também para que possamos viver com condições mínimas para o desempenho
de tarefas no campo do bem, do belo, do útil e do Verdadeiro, a fim de que
possamos aproveitar ao máximo, dentro de nossas possibilidades, as
oportunidades evolutivas que a presente encarnação nos oferece.
Leonardo Marmo Moreira
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