O
Centro Espírita é a sede principal do Movimento Espírita. Por sua vez, o
Movimento Espírita é a manifestação social viva da busca fraterna de todos nós
pela Doutrina Espírita. Apesar de o Movimento Espírita estar sujeito a falhas
que não correspondem ao Espiritismo, é fundamental que todos os Espíritas
sinceros valorizem a tarefa da Casa Espírita, reconhecendo no Centro Espírita
um núcleo onde a verdadeira “Comunhão Espiritual” pode acontecer através das
inúmeras atividades da Instituição Espiritista. Para que nós, espíritas,
possamos contribuir para o bom funcionamento e crescimento das tarefas do
Centro Espírita, é fundamental que façamos algumas reflexões sobre importantes
informações a respeito desse Lar de Jesus:
1) “O
Centro Espírita é a Universidade da Alma”. Essa frase atribuída ao Espírito do
Doutor Bezerra de Menezes e estudada com grande eloqüência por relevantes
oradores espíritas como J. Raul Teixeira denota que a função primordial da Casa
Espírita é a Educação. Entendamos que Educação, nesse contexto, é algo bastante
amplo, em especial ênfase sobre os valores ético-morais do indivíduo. De
qualquer maneira, como diria o próprio Raul Teixeira, esse amplo trabalho
educacional começa e termina com a tarefa de “ensinar Espiritismo!”.
2) O
Centro Espírita é a sede da “Maior Revolução da Humanidade”. Essa análise do
Professor J. Herculano Pires reforça que a verdadeira revolução somente poderá
ser obtida através da transformação espiritual do homem para melhor. É a
chamada “Revolução silenciosa” ou “Revolução interna”. Sistematicamente
ensinando o homem a viver melhor, o Centro Espírita interfere direta e
indiretamente na sociedade, fomentando ideais superiores e noções espirituais
da vida.
3) O
Centro Espírita é “Hospital, Escola e Oficina”. Essa reflexão, elaborada por
alguns ilustres confrades, tais como Richard Simoneti, representa alguns papéis
da Casa Espírita. De fato, um indivíduo pode chegar, em um primeiro momento, ao
Centro Espírita, necessitado de amparo espiritual ou até mesmo
físico-espiritual. Concomitantemente ao tratamento espiritual, começa a se
instruir nessa escola bendita sobre questões complexas envolvendo o sentido
mais profundo da vida física. E, eventual e livremente, pode decidir participar
ativamente desse trabalho a fim de aprofundar e ampliar suas próprias
conquistas, disponibilizando-as também a outros irmãos igualmente necessitados
que adentrarem as portas do Centro Espírita.
4) “Onde
houverem dois ou mais reunidos em Meu Nome, aí Eu estarei”. A Célebre frase de
nosso Mestre Jesus demonstra que a instituição religiosa, seja ela de qual
denominação for, só atingirá os objetivos maiores a que foi destinada pela
Providência Divina se estiver profundamente vinculada com a fraternidade
legítima. Somente indivíduos que vibrem valores elevados poderão fornecer a uma
construção física os valores legítimos de um verdadeiro “Lar de Jesus”. O
Centro Espírita, eliminando uma série de artifícios materiais e ilusórios para
a manifestação da fé, tem grande potencial para a busca de uma verdadeira
religiosidade. Entretanto, essas preliminares vantagens não garantem a
qualidade espiritual do trabalho se o grupo reunido não estiver harmoniosamente
conectado com um verdadeiro ideal de espiritualidade.
5) O
Centro Espírita deve manter equilíbrio entre os pilares científico, filosófico
e religioso. De fato, a própria origem da expressão “Centro Espírita” é até
hoje motivo de debates em relação ao seu surgimento histórico, sendo que muitos
atribuem sua origem à atuação de Doutor Bezerra de Menezes e seu papel
conciliador no movimento espírita brasileiro do fim do século XIX. Em um
movimento dividido por visões doutrinárias distintas, a idéia de “Centro”
sugeriria a busca sincera pela Verdade através de uma atitude de bom senso e de
compreensão com aqueles que, eventualmente, possam ter um ponto de vista ou
outro ligeiramente diferenciado da interpretação mais ortodoxa da Doutrina.
Outrossim, a expressão reforça o meio-termo entre as tendências mais científicas
e/ou mais filosóficas e/ou mais religiosas dos grupos espíritas. Buscando
sempre respeitar as bases Kardequianas, a Casa Espírita deveria estar preparada
para estudar a doutrina, estudando-se continuamente, a fim de que eventuais
desvios do percurso mais coerente com Allan Kardec pudessem ser corrigidos
pelos próprios confrades do núcleo em questão.
6) “Dai
de graça o que de graça recebestes”. O Centro Espírita é instituição de acesso
totalmente gratuito! Esse tópico, indiscutivelmente, é um dos pontos de honra
da Casa Espírita. O desrespeito a esse Ensinamento, além de desvalorizar
quaisquer atividades do ponto de vista moral, elimina delas o rótulo de
“Espírita”. Além disso, os dirigentes devem evitar solicitar com freqüência
doações de caráter material durante as reuniões públicas para não constranger
os freqüentadores. Independentemente do nível econômico da assembléia reunida, não
devemos fazer os adeptos sentirem-se pressionados a ajudar materialmente.
7) Palestrantes
devem assistir palestras. O trabalhador espírita não se torna jamais um
espírita profissional. Desta forma, devemos ter cuidado para não repetir na
Casa Espírita os equívocos cometidos historicamente por outras denominações. Os
palestrantes que assistem palestras melhoram o seu próprio conteúdo doutrinário
e favorecem um troca sadia de informações que elevará o nível de todo o grupo
espírita. Além disso, os trabalhadores devem buscar ser atuantes na suas
respectivas esferas de trabalho, tentando, sempre que possível, contribuir
minimamente com as demais atividades do Centro Espírita.
8) Todos
os setores do Centro Espírita devem ser valorizados. Assim, devemos apoiar os
diferentes tipos de reunião doutrinária, sabendo que todas são muito úteis do
ponto de vista educacional para trabalhadores e freqüentadores. Tanto palestras
como grupos de estudos, por exemplo, atingem metas pedagógicas e espirituais
amplas e valiosas, podendo enriquecer a encarnados e desencarnados. Assim, respeitando
as características dos confrades de cada Casa Espírita e as eventuais
limitações de cada trabalhador no que se refere a diversos fatores, como, por
exemplo, a disponibilidade de tempo, todos os setores do Centro Espírita devem
ser reconhecidos como altamente relevantes para atingirmos o objetivo final da
Casa Espírita que é sempre o mesmo: Ensinar Espiritismo, melhorar a nós mesmos,
auxiliar aos irmãos em suas necessidades, exercitando a fraternidade e a capacidade
de trabalharmos em equipe.
9) As
Reuniões Mediúnicas são Privativas. Sem tal critério, jamais o intercâmbio
mediúnico adquirirá a qualidade necessária para um trabalho de maior valor
espiritual. Ademais, riscos inerentes ao trabalho mediúnico serão
potencializados e todos os envolvidos no projeto serão limitados em sua
capacidade de ajudar e de serem ajudados.
10) Os
companheiros da Casa Espírita são membros da nossa família espiritual. A
convivência no Centro Espírita é oportunidade de promover a verdadeira
“Comunhão Espiritual”. Portanto, devemos considerar os confrades do Centro
Espírita como verdadeiros membros da nossa família pessoal.
11) Valorizar
todas as chamadas “pequenas” tarefas. Diz-nos o Evangelho, “Se não podeis com
as Coisas Mínimas por que estais ansiosos pelas outras?”. Sempre é importante
lembrar que se o Centro Espírita está limpo é porque alguém limpou. Se as
contas de água, luz e telefone são pagas é porque alguém tem contribuído para
isso. Os Espíritas mais conscientes devem solicitar pequenas responsabilidades
desse teor para que os dirigentes da Casa possam sempre manter discrição sobre
assuntos de manutenção material da casa, evitando erros grosseiros mantidos até
hoje por outras denominações religiosas que mercantilizam as reuniões de ensino
evangélico solicitando ajuda financeira.
12) Se
possível, preferir atendimentos de Passes após exposições evangélicas. Todo o
intervalo de tempo que dura a sessão espírita torna a ação fluidoterápica muito
mais eficiente, pois a condição vibracional de todos os presentes tende a estar
em um patamar espiritual bem superior àquele do início da reunião. Além disso,
quando os passes ocorrem durante a reunião tanto os passistas como os
assistentes que receberão os passes perdem, no mínimo parcialmente, o conteúdo
explanado pelos expositores.
13) “Unificação
Espírita não significa Uniformização Espírita”. Esta frase enunciada por
Divaldo Pereira Franco é bastante significativa na nossa busca de harmonização
no relacionamento entre confrades de uma determinada casa espírita e, até
mesmo, entre os diferentes grupos espíritas. Assim, mesmo em casas que sejam
igualmente respeitadoras dos postulados Kardequianos, é possível identificar
algumas peculiaridades que não representam nenhuma diferença na essência do
conteúdo ministrado e praticado por cada grupo espírita.
14) Ter
a consciência que realmente o Espiritismo começa com “O Livro dos Espíritos”,
mas não termina com ele. Logo, o estudo de todas as obras Kardequianas,
inclusive a Revista Espírita, bem como de diversas obras subsidiárias de
elevado valor favorecerão significativamente o crescimento em nosso
conhecimento, enriquecendo as reuniões tanto para os encarnados como para os
desencarnados.
15) Valorizar
o trabalho na Casa Espírita como um serviço extraordinariamente relevante!
Aqueles que sugerem o contrário, ou não são, de fato, Espíritas propriamente
considerados, ou podem estar sujeitos a influências espirituais negativas.
16) Não
permitir a ocorrência de bingos, bailes e outras atividades similares sob o
patrocínio do Centro Espírita. Quando tratar-se de eventos nas dependências da
Casa Espírita ser ainda mais rigoroso para que a Casa de Jesus não possa vir a
ser lenta e gradualmente desvirtuada de sua vibração superior e de suas
finalidades precípuas. Tal negativa deve ser mantida mesmo que tais eventos
estejam “amparados” sob o falso pretexto de que os recursos obtidos serão vertidos
à caridade. Os fins não são justificados pelos meios e as atividades no
ambiente espírita ou promovidas pelo Centro Espírita devem zelar pelo nome do
Espiritismo bem como pelo Evangelho de Jesus. Não respaldar tais eventos é
fundamental para não violentar as diretrizes evangélico-doutrinárias de todos
os Espíritas.
17) Se
houver demanda, apoiar iniciativas artísticas no campo espírita. Entretanto,
tal aprovação somente deve ser fornecida se houver um elevado critério na
seleção do roteiro das peças teatrais, nas letras das músicas consideradas
espíritas etc. Não apoiar, todavia, ensaios e reuniões artísticas que
substituam horários de reuniões doutrinárias, como, por exemplo, a reunião da
mocidade espírita. Não devemos trocar o essencial pelo acessório.
18) Evitar
comentar ou sugerir a leitura de obras ditas espíritas ou não, mas de conteúdo
duvidoso, que possam criar imagens e/ou diretrizes comportamentais equivocadas
ou erros doutrinários na mentalidade dos assistentes. Lembrar sempre que cada
indivíduo tem fragilidades espirituais específicas e todos nós, sobretudo
trabalhando no meio espírita, temos grande responsabilidade em não alimentar
distúrbios espirituais.
19) Apoiar,
sempre que possível, os trabalhos de casas espíritas que não freqüentamos.
Quanto mais evoluímos, mais trabalhamos por um número cada vez maior de
criaturas, pois as nossas responsabilidades, estabelecidas em nossas
consciências, passam a reconhecer um número muito maior de indivíduos como
verdadeiros amigos e irmãos.
20) Jamais
distorcer a verdade doutrinária para justificar eventuais erros comportamentais
individuais. Por outro lado, nunca usar de “desculpismos” de que somos
inferiores para fugir da responsabilidade do trabalho doutrinário, reconhecendo
que, quanto maior for a nossa queda moral, maior será a nossa necessidade de
amparo doutrinário para que outras quedas não aconteçam novamente na presente
reencarnação. Assim sendo, a vergonha relacionada à falha cometida pode ser uma
provação incômoda, mas necessária, para que os confrades não nos considerem
indivíduos desprovidos de grandes fragilidades espirituais e para que nós não
nos envaideçamos na tarefa do bem que mal começamos a cultivar. Ademais, sempre
reconhecer em Jesus e Allan Kardec nossos grandes Mestres e nos Mentores
Espirituais os verdadeiros trabalhadores das tarefas que eventualmente sejam
bem sucedidas na seara espírita. Essa consciência é fundamental para os
trabalhadores tanto nos projetos bem concluídos como nos objetivos que não
puderam ser bem executados.
Leonardo marmo Moreira
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