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segunda-feira, 29 de julho de 2013

Unificação sim, Uniformização não!

Doutor Bezerra de Menezes afirma que a tarefa da “Unificação do Movimento Espírita é urgente, mas não é apressada”, denotando a relevância do respectivo esforço, desde que respeitando os limites naturais que constitui requisito para sua implementação com qualidade. O notável benfeitor espiritual também analisa a questão afirmando que a unificação será muito difícil de ser empreendida sem a união dos indivíduos. Desta forma, o trabalho de base que antecede ao desenvolvimento da unificação propriamente dita parte de uma busca sincera por uma maior amizade entre trabalhadores e dirigentes espíritas de um mesmo centro espírita, de diferentes centros espíritas e de diferentes cidades.

Divaldo Pereira Franco, fazendo uma análise da afirmação de Bezerra de Menezes supracitada e da questão a respeito da Unificação de uma forma geral, tem ocasião de afirmar que “A Unificação do Movimento Espírita jamais será a Uniformização do Movimento Espírita”. Além disso, Divaldo assevera, corroborando Bezerra de Menezes, que “não alcançaremos a Unificação das casas sem a união dos indivíduos e sem colocarmos a Causa à frente das casas e das paixões”.

De fato, o Movimento espírita não tem chefes formais como a maioria das religiões. Os órgãos de Unificação do Movimento Espírita são instituições que visam contribuir com uma melhor divulgação doutrinária através de um intercâmbio mais dinâmico de idéias. Desta forma, o centro espírita sempre será a principal célula do Movimento Espírita, ou seja, sua sede fundamental, implicando que os órgãos de Unificação devem contribuir para a melhoria das qualidades doutrinária e espiritual de cada Casa Espírita. Logo, todos os esforços lícitos devem ser empreendidos para desenvolver eventos relevantes e fornecer material didático que possibilite aos grupos espíritas, cada vez mais, uma evolução da compreensão doutrinária com maior conscientização da responsabilidade espiritual associada às tarefas espíritas.

Constituindo grande revolução no pensamento religioso da humanidade, o Espiritismo tem como base o respeito ao livre-arbítrio dos indivíduos e instituições, constituindo, portanto, um movimento que requer alto nível de maturidade espiritual por parte de seus participantes a fim de que a heterogeneidade das personalidades individuais dos seus respectivos componentes não “contamine” o conteúdo doutrinário divulgado, ou seja, não “adapte e altere” a Doutrina Espírita às suas impressões, interesses e opiniões pessoais. Não foi por outra razão que Léon Denis afirmou na primeira página da obra “No Invisível”: “O Espiritismo será aquilo que os homens fizerem dele”, pois a qualidade doutrinária de cada centro espírita depende preponderantemente do estudo, da seriedade, do ideal e da humildade de cada um de seus participantes assim como dos grupos constituídos por esses participantes.

Por outro lado, considerando o seu aspecto científico, o Espíritismo está sempre evoluindo e tal evolução passa pelos estudos teórico e experimental das questões espirituais bem como pela troca de informações entre confrades e grupos espíritas, conforme acontece com todas as ciências.

Dentro do contexto supracitado, o trabalho de parceria entre centros espíritas é muito bem-vindo para que a qualidade doutrinária do Movimento seja nivelado por cima, isto é, as experiências e conquistas doutrinárias de determinados confrades e/ou grupos possam ser divulgadas, analisadas e estudadas profundamente por outros grupos em um processo global de educação de todo o Movimento Espírita. Tal proposta, uma vez bem compreendida e empreendida, permitiria que, cada vez mais, os conceitos e informações relevantes para nossa ascenção espiritual sejam mais facilmente disponibilizados para todos os Espíritas de todas as casas espíritas do Brasil e do mundo. Esse tipo de esforço evitaria, ou pelo menos minimizaria, as ocorrências do chamado “Espiritismo à moda da Casa”, que consiste em interpretações particulares de tópicos espíritas ministrados sem maior critério e respaldo das bases Kardecianas e da “Universalidade do Ensino dos Espíritos”.

Em que pese a liberdade intelectual de cada espírita, o respeito às bases doutrinárias é fundamental em toda atividade espírita para que não percamos de vista a proposta de divulgar o Espiritismo propriamente dito e não uma visão pessoal a respeito do Espiritismo, o que implicaria em utilização indevida do rótulo espírita. Emmanuel nos afirma que “a maior caridade que podemos fazer pelo Espiritismo é a sua divulgação”, o que significa que a proposta de divulgar Doutrina Espírita de uma forma ética e com bom nível de conhecimento das obras básicas e subsidiárias é fundamental para que, natural, lenta e gradualmente, todos os participantes do Movimento Espírita tenham oportunidade de aprender Espiritismo verdadeiramente, minimizando a veiculação de informações de credibilidade duvidosa.

O esforço de Unificação deve ser desenvolvido sem imposição, mas com exposições respeitosas e de boa qualidade, gerando um círculo virtuoso do ponto de vista educacional, calcado em uma constante e fraterna permuta de informações e experiências, sempre respeitando pequenas diferenças de opinião em assuntos mais complexos. A manutenção deste tipo de foco em nosso trabalho doutrinário é básico para que evitemos um processo de “Uniformização religiosa”, o que constituiria grave equívoco que outras denominações já cometeram com sérias, negativas e quase que irreversíveis conseqüências. Por outro lado, esse esforço também restringiria a expansão de idéias realmente esdrúxulas que descaracterizem o Espiritismo, fazendo com que cada dirigente ou cada grupo elabore uma pseudo-Doutrina com nuances que variariam de centro para centro. Somente assim caminharemos fraternalmente em busca da Verdade para que a Verdade nos liberte.

Portanto, nem limitar a iniciativa e a espontaneidade de estudo e de atitudes de cada confrade ou grupo, uniformizando hábitos que não representam a essência da Doutrina e que a médio e longo prazos representarão apenas ritualizações do movimento espírita (o que seria a Uniformização espírita) e nem transformar o Movimento espírita em uma espécie de sincretismo religioso, guiado pelas preferências dos dirigentes espíritas de cada casa (o que seria descaracterizar o Movimento espírita como Movimento vinculado estritamente à Doutrina Espírita, isto é, a Doutrina codificada por Allan Kardec e desenvolvida por obras subsidiárias de elevado valor doutrinário).

Somente conseguiremos atingir tais metas se formos unidos. Essa união requer a busca por um sentimento de amizade legítima entre os confrades espíritas. “Torcer” para que o outro tenha sucesso sem nenhuma inveja, estando disposto a ajudar em tarefas ditas “menores”, superando melindres e ressentimentos, ainda é uma meta difícil e importante para todos nós.

Desta forma, a questão passa pela reforma íntima dos componentes de cada centro espírita. Neste contexto, como ainda apresentamos grande dificuldade em diminuir nosso orgulho, nosso egoísmo, nossa vaidade, nossa inveja e nosso sentimento de competição, temos dificuldade em Unificar o Movimento porque não estamos unidos com os nossos irmãos. A necessidade de respeitar as instituições e os dirigentes que coordenam os trabalhos também é um pré-requisito importante, mesmo que não concordemos com alguns detalhes menores do trabalho em questão. Estar disposto a ajudar, sem nenhum sentimento de inveja ou rivalidade, com o coração aberto para contribuir, sem se sentir tentado a “invadir seara alheia”, como nos ensina Emmanuel, mas sem igualmente apresentar-se demasiadamente displicente, também é um desafio ao nosso bom senso e ao nosso discernimento.

Alguns poderiam questionar: “e se os problemas doutrinários não forem pequenos, mas verdadeiras distorções do pensamento de Allan Kardec?”. Neste caso, cada espírita deverá refletir em sua situação específica em cada caso, a fim de avaliar qual a melhor maneira de contribuir para a melhoria do movimento espírita de uma forma geral. Haveria possibilidade de uma conversa franca? Não havendo, haveria espaço para que comecemos a contribuir com a respectiva casa para, depois de ajudar e ganhar o respeito dos confrades, podermos conquistar o direito a sugerir determinadas mudanças? Não havendo, haveria outra casa espírita que em que nos sintamos mais afins doutrinariamente, para desenvolver um trabalho de qualidade? São desafios difíceis para todo espírita consciente, nos quais não existe, obviamente, “receita de bolo”, pois cada situação tem suas peculiaridades. O mais importante é elevar os nossos sentimentos ao mais alto nível de espiritualidade, ideal e intenção, para que nossas atuações sejam motivadas para vontade sincera de trabalhar verdadeiramente com Jesus.

Que Jesus nos ilumine para que os nossos sentimentos melhorem lenta e gradualmente e para que possamos aumentar o nível de verdadeira espiritualidade de nossa atuação no movimento espírita, a partir da melhoria de nossos sentimentos.

Leonardo Marmo Moreira

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