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quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Existem reencarnações acidentais?


            Analisando a questão levantada por alguns confrades sobre a possibilidade de haver “reencarnações acidentais”, faz-se necessário primeiramente uma análise prévia sobre os princípios que regem a reencarnação.

Nosso mestre Jesus afirmou: “É necessário que existam escândalos, mas ai de quem os escândalos venham”. Desta forma, considerando que “o livre-arbítrio é alicerce da Lei de Deus”, como afirma Divaldo P. Franco, temos que relembrar o interessante ensinamento que estabelece que “a semeadura é livre, mas a colheita é obrigatória”.

Assim sendo, se analisarmos que, em princípio, toda relação sexual pode gerar a fecundação, temos que admitir que existam reencarnações cuja programação reencarnatória tende a ser mínima. A sexolatria que impera em nossa sociedade é praticamente uma pandemia, implicando que o número de fecundações irresponsáveis é muito grande. Seria o caso de se perguntar: Tal fecundação foi acidental? Poderíamos ousar responder: Acidental propriamente não, pois todo indivíduo que decide praticar a relação sexual deve ter a consciência do risco, mínimo que seja, de gerar uma gravidez com a prática do sexo. É evidente que os mentores espirituais, especialmente aqueles que se especializam nos estudos programatórios da reencarnação, conhecem essa realidade.

Por exemplo, vários indivíduos em nossa sociedade saem à noite para buscar “entretenimento”, objetivando conseguir um parceiro ou parceira para fazerem sexo. Note que, para muitos, não se trata de uma namorada ou de um namorado em específico; pode ser qualquer parceiro que lhe agrade minimamente e que surja com o mínimo de interesse em usufruir da mesma experiência. Ora, que planejamento espiritual mais elaborado nós podemos esperar de tal união, na qual os pais não se conhecem, não se gostam, muitas vezes não pretendem ficar juntos e não querem filhos, apesar de os gerarem?!

Os mentores espirituais não são mágicos e nem adivinhos e tem muitas obrigações elevadas para cumprir, ao invés de serem obrigados a ficar sistematicamente prevendo nossas irresponsabilidades e loucuras espirituais para propiciarem um bem construído planejamento espiritual para o futuro reencarnante a cada noite de viciações sexuais dos encarnados. Aliás, segundo “O Livro dos Espíritos”, somente Deus conhece totalmente o futuro, implicando que os mentores mais próximos do nosso nível espiritual também tem, assim como nós, limitações bastante definidas para prever os futuros acontecimentos.

Neste contexto, poderíamos utilizar uma frase enunciada pelo ilustre J. Raul Teixeira, “Deus aproveita os nossos erros (aquilo que chamamos de mal) para nos reconduzir para o bem, que é a Lei geral”. O orador Raul Teixeira está, na prática, explicando a frase supracitada de Jesus: “É necessário que existam escândalos, mas ai de quem os escândalos venham”.

Estamos a cada dia, a cada momento, alterando a nossa programação reencarnatória para melhor ou para pior de acordo com as ações do presente. Obviamente, a prática do sexo irresponsável ou criminoso pode gerar a fecundação. Essa situação é semelhante a outro caso que tem acontecido em nossa sociedade e que diz respeito ao trânsito. Atualmente, quem dirige um carro a 180 Km/h e atropela e mata uma pessoa já pode ser processado por crime doloso, e não somente culposo, como ocorria no passado, pois quem anda a tal velocidade está assumindo o risco de matar, independentemente de quem seja a vítima.

Portanto, a irresponsabilidade sexual da nossa sociedade é responsável por vários problemas educacionais, sócio-econômicos e espirituais que enfrentamos em nosso cotidiano. Entretanto, não podemos esquecer nunca que o livre-arbítrio e a Lei de Causa e Efeito são bases da Lei de Deus, ou seja, se isso existe é porque estamos construindo a cada dia esta realidade.

E a questão espiritual envolvida?! Ora, os mentores, conforme já foi enunciado, conhecem com profundidade nossas problemáticas e práticas sexuais inconseqüentes. Assim, eles tentam contribuir para que os espíritos desejosos ou necessitados da reencarnação, que são a esmagadora maioria, tenham a sua oportunidade de retorno ao corpo físico. Concomitantemente, fornecem uma oportunidade de amadurecimento espiritual para os envolvidos na prática sexual inconseqüente, pois a experiência na paternidade ou na maternidade, sem dúvida nenhuma, consiste em uma das mais decisivas experiências que podem favorecer a iluminação espiritual dos encarnados. De fato Chico Xavier com freqüência afirmava que “a fila é grande”, isto é, a demanda por chances de reencarnação é muito elevada em função do número bem maior de desencarnados da Terra quando comparados à população de encarnados de nosso planeta.

André Luiz, em “Evolução em Dois Mundos”, afirma que existem reencarnações mais elaboradas, com planejamentos reencarnatórios mais complexos, que ocorrem quando o Espírito reencarnante já tem maiores recursos espirituais (intelecto-morais) para realizar diferentes tarefas com elevado conteúdo espiritual. Os Espíritos reencarnantes mais grosseiros não recebem a mesma preparação reencarnatória, pois são Espíritos mais limitados, vivenciando esforços evolutivos mais elementares. Obviamente, um Espírito mais evoluído tende a escolher com mais cuidado seus futuros pais, pois sabe que a família que oferece o corpo para o bebê consiste em uma influência decisiva para o sucesso ou o fracasso das tarefas reencarnatórias. No entanto, há casos em que, por renúncia ou por necessidade de exemplificação ou por necessidade de um teste reencarnatório mais doloroso ou por expiação ou por amizade com um dos pais ou familiares, um Espírito mais evoluído pode se submeter a uma condição reencarnatória mais difícil a fim de encarar situações que ele e seus mentores julguem necessárias naquela reencarnação. Neste caso, a equipe espiritual que trabalha no setor da reencarnação acompanha em tempo real as fecundações iminentes e discutem com o candidato os prós e contras de tal gestação. Entretanto, um planejamento prévio em relação ao Espírito reencarnante e às condições reencarnatórias aproximadas já pode ter existido, mesmo que não exista uma definição específica do nome do pai e da mãe e, principalmente, de ambos (o Espírito reencarnante pode ter definido o pai, estando sujeito a uma mãe menos próxima espiritualmente, dependendo da escollha e/ou práticas sexuais do pai; ou pode ter definido a mãe, estando sujeito a um pai menos próximo espiritualmente, dependendo da escolha e/ou práticas sexuais da mãe).

Experiência semelhante é narrada na obra “Os Mensageiros” de André Luiz, onde um rapaz, que tinha sido intensamente preparado para ampla e relevante atividade espiritual durante sua vida física envolve-se sexualmente com uma moça que era um Espírito, segundo André Luiz, “muito inferior ao seu nível espiritual”. Desta relação, surge a gravidez de um Espírito extremamente grosseiro que era muito vinculado à mãe. As influências espirituais negativas da mãe e do filho sobre o rapaz repercutiram profundamente no seu respectivo nível espiritual, o que fez com que, de queda espiritual em queda espiritual, o moço terminasse seus dias em profunda falência reencarnatória, verdadeira tragédia espiritual. O Espírito do rapaz estava em “Nosso Lar” tentando obter novas oportunidades, consciente do profundo fracasso espiritual gerado pelas suas próprias ações.

Não podemos nos esquecer de situações como a do Pai de André Luiz que, conforme “Nosso Lar” narra, reencarnou sem a menor preparação (ele, pessoalmente), saindo diretamente do umbral para “fugir” de duas entidades femininas, as quais ele estava vinculado. Ele não teve uma preparação reencarnatória pessoal (nem sabia que iria reencarnar), mas a mãe de André Luiz, que seria sua esposa mais uma vez, recebendo as duas entidades femininas como filhas, estudou e preparou exaustivamente a reencarnação orientada por mentores especializados na questão. Assim, mesmo quando aparentemente não estamos recebendo proteção espiritual concreta, ou pelo menos não estamos detectando tal proteção, ela está ocorrendo e frequentemente de forma intensa. Ocorre que o aproveitamento desta proteção passa pelas nossas ações no bem, dia a dia.

Podemos resumir estabelecendo que existem reencarnações mais ou menos elaboradas e que muitos Espíritos acabam reencarnando em condições mais difíceis (com pouquíssima elaboração prévia) porque precisam dessas condições em função de suas necessidades espirituais. De qualquer maneira, não deixam de estar amparados pela providência divina. De fato, se Deus e os mentores permitem tal situação é porque a reencarnação em princípio mais dolorosa é apropriada para os próximos esforços evolutivos do Espírito reencarnante. Além disso, durante a gestação, os mentores tem aproximadamente 9 meses para estruturarem os caminhos mais interessantes para o reencarnante otimizando um espécie de programação até certo ponto tardia, mas que pode ser suficiente para as necessidades espirituais do reencarnante. Tudo isso está previsto na Lei; portanto, não se trata de um “acidente” em um sentido mais literal, mas, obviamente, consiste em uma situação de menor preparação reencarnatória e, possivelmente, de condições de vida física mais difíceis. Tais condições mais complexas acontecem em função das causas dolorosas geradas pela má administração do nosso livre-arbítrio, gerando a necessidade de enfrentarmos os efeitos problemáticos a fim de avançarmos espiritualmente.

De fato, a utilização específica da expressão "reencarnação acidental" não parece ser usual na literatura espírita. No anuário de André Luiz assim como em livros semelhantes sobre a obra deste autor espiritual existem várias expressões envolvendo diferentes tipos de situações de reencarnação, mas nenhuma
exatamente nestes termos. O caso que foi citado do livro "Os Mensageiros" parece próximo deste contexto, pois aparentemente o Espírito do futuro filho era uma espécie de obsessor da mãe e com a oportunidade foi "sugado" pela célula-ovo ou zigoto. Doutor Hernani Guimarães Andrade levanta a hipótese da existência de uma espécie de campo magnético que atrai o perispírito do reencarnante quando ocorre a fecundação (Doutor Hernani Guimarães Andrade comenta sobre isso, por exemplo, no VHS/DVD “Encontros com
Hernani Guimarães Andrade”, no qual é entrevistado por Richard Simonetti). Desta forma, admitindo essa hipótese, poderíamos supor que quando não existe um Espírito previamente destinado àquele futuro corpo, indivíduos próximos física e/ou psiquicamente do casal ou de pelo menos um dos dois são atraídos fortemente para o corpo físico gerando a ligação (algo parecido com o que ocorre com a reencarnação de muitos animais que, ao desencarnarem ficam próximos do bando e, assim que é gerado uma nova célula-ovo, podem ser novamente "imantados" na mesma para iniciarem novo processo reencarnatório). Considerar tal fenômeno acidental ou não depende do que entendemos por acidental e daí a necessidade de repensar alguns tópicos relacionados com a Lei de Causa e Efeito (em princípio, não seria propriamente acidental). Em "O Livro dos Espíritos", a falange do Espírito de Verdade afirma que quando não há um Espírito destinado ao futuro corpo, o embrião não se desenvolve (desenvolve apenas algumas semanas e depois morre, ou seja, gera aborto espontâneo, porque não tem nenhum Espírito naquele corpo). Eles afirmam que não seria um ser humano. Ora, esses casos aparentemente são minoria e, poderíamos inferir que o são porque quando é gerado uma célula-ovo ou zigoto a probabilidade de algum espírito da "vizinhança física ou psíquica" ser atraído é muito grande, mesmo que não haja uma programação prévia para um determinado espírito em relação àquele corpo. Esse contexto caracterizaria um tipo de reencarnação que alguns autores poderiam chamar didaticamente, a meu ver de forma não muito adequada, de "reencarnação acidental".

Leonardo Marmo Moreira

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