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quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Espiritismo, Parapsicologia e Metapsiquíca


A Parapsicologia e a sua precursora denominada Metapsíquica assim como outras propostas de estudo da chamada “paranormalidade”, através de diversas metodologias científicas, não devem ser consideradas como adversárias do Espiritismo, mesmo quando alguns representantes destas áreas fazem afirmações desse jaez.
Em primeiro lugar, temos que considerar que as áreas do conhecimento são, a priori, neutras em relação a quaisquer interpretações de fenômenos naturais, pois, do contrário, não seriam científicas. Assim, as inferências individuais constituem algo secundário em matéria de análise científica, sendo muito mais relevante a proposta de estudo do fenômeno em si, independentemente das opiniões que possam advir dessas pesquisas.
De fato, considerando que a tradição materialista ainda limita os estudos associados às questões relacionadas à espiritualidade e à paranormalidade em nossos meios acadêmicos, o fato de alguns pesquisadores se predisporem ao estudo do fenômeno por si só já representa algo extremamente positivo para o avanço do conhecimento de natureza espiritual em nichos de maior resistência ao assunto em nossa sociedade.
Ademais, a existência da área científica relacionada ao estudo do fenômeno paranormal já é um forte indício de que o fenômeno existe, ou seja, que o fato é real, autêntico, independentemente da interpretação que as diferentes correntes proporcionem em relação a este fato. Portanto, a simples constatação da existência do fenômeno já abre um campo extraordinário de quebra de preconceitos acadêmicos e avanço científico.
Alguns confrades poderão argumentar que significativa percentagem de grupos que se propõem ao estudo de áreas como a parapsicologia o fazem  eivados por idéias preconcebidas de acordo com suas respectivas orientações filosófico-religiosas e/ou “científicas”. Esta constatação realmente tem fundamento, mas, ainda assim, não elimina os pontos positivos de se estudar a questão. Até porque estes grupos não constituem a totalidade dos pesquisadores da área, e, como é sabido, existe grande número de pesquisadores que tem contribuído significativamente para a divulgação das evidências de autenticidade de fenômenos que comprovam a imortalidade da alma.
Neste contexto, devemos admitir que o debate, mesmo que muitas vezes exacerbado, sempre fez parte do processo científico. A forte oposição entre grupos de idéias e interpretações contrárias está associada a grandes avanços científicos da academia e, por conseqüência, de nossa sociedade, não sendo, por conseguinte, uma exclusividade das questões ditas “paranormais” e afins.
 Estes debates seriam positivos independentemente das idéias que, a priori, pareçam “vencer” as referidas discussões, pois tais polêmicas, quando apropriadamente divulgadas na mídia geram mais reflexões, mais debates e mais discussões, o que fomenta a “fé raciocinada”, isto é, desperta as criaturas para pensarem sobre o assunto, o que é extremamente válido para fomentar uma busca sincera da Verdade.
Do ponto de vista espírita, tais discussões seriam interessantes, pois não queremos impor nossa doutrina a quem quer que seja, queremos respeitosamente estudar e aprofundar a busca pela Verdade. Vale sempre lembrar a sábia orientação de Allan Kardec para que seguíssemos a Ciência se, em algum momento, ficar comprovado que o Espiritismo se equivocou em algum tópico. Recomendou o Codificador que, se isso acontecer, ou seja, se identificarmos alguma falha conceitual dentro da estrutura doutrinária do Espiritismo, deveríamos corrigir o erro e avançar em busca da Verdade coerentemente com a Ciência. Essa proposta do Codificador ilustra o caráter científico do Espiritismo, pois pessoa ou grupo algum no mundo pode monopolizar a Verdade. Nosso próprio Mestre Jesus afirma categoricamente: “Aqueles que não estão contra nós, estão por nós”, demonstrando que a busca pelo bem e pela Verdade na melhoria da nossa sociedade requer diferentes tipos de contribuição.
Dentro destes parâmetros, o Espiritismo ganha destaque pela consistência de seu tríplice aspecto. O fato de ser uma doutrina científico-filosófico-religiosa (entendendo religiosa em um sentido profundo de busca por uma efetiva e constante transformação ético-moral da criatura visando o seu equilíbrio emocional e a prática da fraternidade) conecta diretamente as conseqüências do esclarecimento científico a uma luta constante da própria criatura por uma mudança comportamental para melhor, ou seja, pela sua auto-educação. Logo, o trabalho espírita torna-se uma fonte de equilíbrio pessoal e social, em função de valorizar a conexão esclarecimento científico-transformação moral.
Obviamente, a Parapsicologia bem como sua precursora (a Metapsíquica) não atinge tamanho nível de abrangência, o que não é nenhuma incoerência, pois elas não se propõem a este tipo de objetivo. Entretanto, as questões morais estão intrinsecamente associadas ao fenômeno paranormal e a outros fenômenos afins como, por exemplo, a Experiência de Quasi-Morte (EQM), a lembrança de vidas passadas etc.
Entretanto, sobre as limitações da Parapsicologia e da Metapsíquica em relação ao Espiritismo propriamente dito é importante esclarecer que os Espíritos desencarnados não são cobaias de laboratório, manipuladas ao bel-prazer dos pesquisadores. Assim, ignorar os fatores morais que regem tais fenômenos limita a probabilidade de controle sobre as variáveis inerentes aos referidos experimentos, diminuindo o controle dos fatores que afetam os resultados das análises, que é algo de praxe em metodologias científicas.
Léon Denis, conforme é narrado na excelente obra biográfica “Léon Denis, O Apóstolo do Espiritismo” de Gaston Luce, questiona as exigências experimentais dos Metapsiquístas, uma vez que eles não levam em consideração as Leis Morais que regem toda a influência fluídica entre os Espíritos. Realmente, as barreiras magnéticas que impedem o acesso de Espíritos pouco evoluídos em determinados ambientes (o que é amplamente ilustrado nas obras de vários autores, tais como André Luiz e Manoel Philomeno de Miranda)  somente existem quando o grupo reunido para o trabalho em questão apresenta uma série de pré-requisitos morais. Condições como boas intenções, homogeneidade de pensamentos e propostas, amizade mútua, afinidade espiritual, hábitos morais elevados, sobretudo no dia da respectiva reunião, preces iniciais e finais sinceras e elevadas, entre outras. Isso ocorre, pois o nível vibratório do perispírito (corpo espiritual) do Espírito desencarnado, isto é, o nível de materialidade do corpo energético da entidade, depende da evolução espiritual dessa criatura (A evolução do Espírito propriamente considerado).
Além disso, um ambiente previamente selecionado, que seja fluidicamente elevado e que apresente condições de tranqüilidade para o grupo, favorece a assistência de Espíritos mais elevados, uma vez que os mentores espirituais são, invariavelmente, Espíritos altamente comprometidos com o aproveitamento do tempo em atividades úteis e fraternas para um maior proveito espiritual do maior número possível de indivíduos. Obviamente, a curiosidade científica é algo meritório aos olhos de nossos protetores. Entretanto, a curiosidade ociosa, pseudo-científica, em um ambiente sem compromisso com o bem e a fraternidade, onde muitas vezes impera a vaidade intelectual, a rivalidade e o ceticismo, não atrairá os verdadeiros trabalhadores espirituais.
As Leis Universais que regem a Afinidade Espiritual estabelecem naturalmente o intercâmbio fluídico entre seres afins, o que frequentemente limita a ação efetiva dos mentores espirituais em estudos comprobatórios da imortalidade da alma. Tal dificuldade ocorre em função da eventual influência de um grande número de entidades atrasadas sobre muitos componentes da respectiva reunião, entre outros motivos. Isto aconteceria, pois a vinculação perispiritual entre o Espírito encarnado e o Espírito desencarnado inferior moralmente, eventualmente atuando sobre o primeiro como obsessor em função da sintonia de pensamentos entre ambos, inviabilizaria uma maior atuação de Espíritos elevados sobre os participantes do trabalho. Ademais, muitos desses obsessores não desejam que suas vítimas e/ou parceiros de conúbio espiritual se convençam da realidade espiritual, seja por preconceito religioso, seja por não desejarem que os seus companheiros encarnados modifiquem suas atitudes morais, as quais muitas vezes são do interesse desses obsessores.
O fenômeno mediúnico é a manifestação das “almas dos homens que viveram no mundo” e que mantém, após a morte do corpo físico, suas peculiaridades em relação à personalidade, principalmente seu livre-arbítrio, implicando que podem desejar contribuir ou não com o bom andamento dos experimentos desenvolvidos, dependendo dos interesses espirituais a que se afeiçoam. Em outras palavras, se desejarem podem sabotar as reuniões objetivando desacreditar a imortalidade da alma, quando são criaturas que por variadas razões se sentem infelizes e revoltadas em relação às suas atuais situações.
A Metapsíquica e a Parapsicologia não dão a tais aspectos morais a consideração que eles merecem, ou melhor, na maioria das vezes não dão consideração alguma a tais fatores, os quais são decisivos para que a reunião obtenha sucesso em suas metas, conforme amplamente ilustrados na Obra Kardequiana. Além do mais, “o telefone toca de lá para cá” como nos ensina Chico Xavier, enfatizando que as evocações espirituais, apesar de não serem inviáveis, não são recomendáveis, em função dos riscos óbvios de que ocorram manifestações de espíritos que não são os evocados, mas que se identificam como tais. Daí o próprio Professor Herculano Pires afirmar “Evoque uma pedra e ela responderá”, uma vez que os Espíritos desencarnados podem evidentemente mentir, utilizando a identidade previamente solicitada pelos participantes. Outro aspecto diz respeito à própria condição do médium, que é perturbado pelas vibrações negativas desses pesquisadores despreparados espiritualmente e que literalmente estão “torcendo” contra o fenômeno. O médium é uma espécie de antena psíquica oscilante e que é suscetível de sentir o impacto espiritual negativo dos companheiros presentes à reunião sem o preparo devido, o que consiste em um dos principais motivos para que as reuniões mediúnicas espíritas sejam privativas.
Um tópico adicional que necessita ser mencionado na presente análise diz respeito aos chamados neologismos que imperam em propostas como a Metapsíquica, a Parapsicologia, entre outras. É possível constatar que vários conceitos discutidos primeiramente por Allan Kardec são rediscutidos, com frequência sem adição substancial de conteúdo, sob outras denominações. Se, sob um determinado ângulo, tal realidade não agrada os adeptos do Movimento Espírita, por outro lado, temos que admitir que os Verdadeiros Espíritas bem com os Mentores Espirituais não estão preocupados com os nomes e os créditos referentes aos conceitos espirituais, mas sim com a divulgação da Verdade, independentemente da sua origem e de quem recebe os pressupostos reconhecimentos. Lembrando, uma vez mais, Jesus: “Aqueles que não estão contra nós, estão por nós” e “Que a mão esquerda não saiba o que dá a direita”. No mundo espiritual, verdadeiro mundo causal, a contribuição real de cada indivíduo para a conquista e divulgação da Verdade será efetivamente considerada.
Portanto, a principal preocupação dos trabalhadores espíritas no que se refere aos debates e eventuais correlações positivas ou negativas em relação à Parapsicologia e áreas afins deveria ser a melhoria no nível doutrinário de todos nós, espíritas militantes, para conseguirmos expor com mais consistência e clareza o imensurável conjunto de evidências concretas que o Espiritismo nos fornece da realidade do fenômeno mediúnico, da imortalidade da alma e da reencarnação. Afinal, quem busca sinceramente a Verdade, não tem o que temer. Pelo contrário, deve considerar positivos os incentivos ao debate e ao estudo conjunto para que a realidade espiritual surja cada vez mais patente para um número maior de irmãos a fim de que todos conheçam a Verdade para que a Verdade nos liberte.

Leonardo Marmo Moreira

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