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quarta-feira, 25 de julho de 2012

Aborto e Métodos Anticoncepcionais: Uma Análise Espírita



                Não há nenhuma controvérsia dentro do meio espírita a respeito do aborto, que é tido como grave delito em relação às Leis Divinas em todas as obras que são consideradas, de fato, referências doutrinárias. Personalidades espíritas como Chico Xavier, Divaldo Pereira Franco, J. Raul Teixeira, Emmanuel, André Luiz, Marlene Nobre, entre outras, são unânimes em considerar tal procedimento um terrível crime contra as Leis de Deus.

                Especificamente sobre o aborto, diferentemente do que acontece com os métodos anticoncepcionais propriamente ditos, não há nenhuma polêmica envolvendo tal questão entre a grande maioria das religiões, pelo menos no que se refere à consideração de tal posicionamento um grave delito em relação às Leis de Deus.  Vale registrar que tal concordância é uma raridade no que se refere ao estudo de religiões comparadas.

                As controvérsias sobre o aborto, que ocorrem frequentemente entre materialistas, acontecem justamente porque tais indivíduos desconhecem que o momento decisivo da ligação do Espírito ao corpo físico é o chamado momento da concepção, também denominado fertilização ou fecundação. Portanto, qualquer interrupção intencional do desenvolvimento embrionário representa a eliminação de uma vida humana efetivamente constituída, o que obviamente não consiste em uma atitude moralmente aceitável.

                Dentro deste contexto, os chamados dispositivo intra-uterino (DIU) e “pílula do dia seguinte” são considerados pela doutrina espírita como métodos abortivos, pois agem posteriormente à concepção.

Por outro lado, o uso da camisa de Vênus ou camisinha, por exemplo, não representa ação abortiva, pois se trata de um procedimento que impede a formação da célula-ovo ou zigoto, ou seja, ocorre antes do momento decisivo da reencarnação, que é a concepção. O mesmo vale para as pílulas anticoncepcionais normais (que não são aquelas “do dia seguinte”) e outros métodos. Neste caso, há discordância entre os diversos posicionamentos religiosos, pois ao contrário da Igreja católica, por exemplo, o Espíritismo não combate o uso deste tipo de procedimento para o controle da natalidade. Até porque o combate sistemático à camisinha e a outros métodos anticoncepcionais acaba fomentando, indiretamente, um maior número de gestações indesejadas, o que, por conseqüência, tende a gerar um maior número de abortos.

De qualquer maneira, isso não significa que o Espiritismo estimule a sexolatria que impera em nossa sociedade, muito pelo contrário, pois o Espiritismo estabelece que a educação moral, a qual repercute na educação afetivo-sexual, é uma necessidade premente do Espírito imortal. O fato de não considerar um crime o uso da camisinha, tal como o aborto é considerado, não significa que estejamos necessariamente estimulando a irresponsabilidade sexual. O que ocorre é que o aborto é uma infração gravíssima do ponto de vista espiritual, o que não corresponde, necessariamente, à situação espiritual associada ao uso camisinha. Logicamente que o uso da camisinha e de outros métodos anticoncepcionais (não abortivos; vale o comentário de certa forma redundante!) devem ser empregados com racionalidade e responsabilidade, não nos isentando da necessidade da educação de nossas funções genésicas.

                Os indivíduos que defendem o aborto deveriam acompanhar com mais atenção exames de ultrassom de gestantes com seis (6) a nove (9) semanas de gravidez, nos quais muitas vezes já é possível ver o coraçãozinho do bebê batendo fortemente assim como uma morfologia humana já bem estruturada.

                Muitos afirmam que “a mulher tem o direito de fazer o que quiser com o próprio corpo”, o que não deixa de ser uma frase bastante discutível, pois dá margem a aceitar como moralmente correto atitudes como, por exemplo, o uso abusivo de drogas. Entretanto, mesmo que admitamos tal afirmativa como correta do ponto de vista ético, há outra questão que jamais deve ser esquecida. De fato, o corpo do neném não faz parte do corpo da mãe! Isso fica explícito pela ação do sistema imunológico do organismo materno, o qual reconhece no bebê um corpo estranho, uma espécie de antígeno, que deve ser combatido se houver possibilidade.

                Importante frisar que, segundo André Luiz, o perispírito desempenha papel decisivo no desenvolvimento embriológico-fetal, atuando como modelo organizador biológico (MOB), para utilizar uma expressão bastante empregada por estudiosos da área. De fato, sem a presença do perispírito e de sua influência através dos centros vitais (os chamados “chakras”), o desenvolvimento do novo corpo não ocorreria adequadamente, acontecendo o chamado aborto espontâneo ou natural.

                A própria situação dos ditos anencéfalos não altera quaisquer questões a respeito do aborto, pois, são seres que necessitam da oportunidade da vivência material para rearmonizarem suas organizações perispirituais. Ademais, o termo anencéfalo é uma expressão de significado altamente variável do ponto de vista biológico, implicando que o nível de desenvolvimento do sistema nervoso central pode ser bastante diferenciado e devem ser analisados caso a caso para se identificar o prognóstico em termos de perspectivas cognitivas durante a vida física. Por conseguinte, o fato de um bebê ser considerado anencéfalo não justifica de nenhuma maneira a interrupção da gestação.

                Talvez a situação mais dramática em termos de gestação indesejada não seja o neném anencéfalo e muito menos a gravidez na adolescência, mas a gravidez gerada por violência sexual. De fato, provavelmente esta situação consista no maior desafio para suas vítimas. Realmente, não somente a mãe, mas também o neném que aceita reencarnar nessa situação dolorosa são Espíritos submetidos a uma provação terrível (a qual pode ser em muitos casos uma expiação propriamente considerada). A única observação que nos cabe dentro deste contexto é que, como diz Jesus, “o que é da carne é carne e o que é do Espírito é Espírito”, o que significa que a origem espiritual do bebê não tem relação direta com a evolução espiritual dos pais ou mesmo com a maneira pela qual ele foi concebido. Além disso, matar o bebê é punir um inocente do crime de outro indivíduo. É claro que são situações terríveis que somente um esforço hercúleo do ponto de vista espiritual pode fazer com que os envolvidos consigam passar ilesos do ponto de vista espiritual. Em todo o caso, vale sempre o conhecimento espírita sobre a Lei da Causa e Efeito e da Reencarnação para orientar o uso do nosso livre-arbítrio, de maneira que saibamos minimamente proceder nas diversas situações da vida para tentar quitar débitos antigos e não adquirir novos, buscando, se possível, algum crédito adicional no bem novo que estivermos nos esforçando para desenvolver.

                “Se não podeis ainda com as coisas mínimas porque estais ansiosos pelas outras”, disse Jesus. Tal observação deve estar bem nítida na mente de todos nós para que rejeitemos quaisquer processos associados a ações abortivas, abraçando a paternidade e a maternidade como missões das mais belas que Deus pode nos conceder.  Mesmo que determinada Lei humana considere o aborto uma atitude legal, ele sempre será um comportamento imoral, porque está em oposição às Leis de Amor que regem o Universo.

De qualquer maneira, se eventualmente algum de nós já cometeu tal ato, não cabe desespero e nem auto-punição. A solução para soluções deste jaez sempre passa pelo esforço adicional nos trabalhos do bem, cumprindo rigorosamente os novos deveres e, se possível, superando o nível de cumprimento do dever e atingindo a abnegação, também chamada renúncia. Este patamar espiritual só é mantido com muita disciplina e dedicação, situação em que buscamos doar mais de nós mesmos os recursos de amor e educação que jazem, muitas vezes em estado latente dentro de nós, para aqueles que carecem de um carinho de pai ou de mãe. As alternativas para superar possíveis equívocos nessa área são muitas, basta o desejo sincero de tentar realizar no bem que a Misericórdia Divina virá em nosso socorro para conseguirmos fazer mais e melhor no campo do Amor ao Próximo.
               
               Leonardo Marmo Moreira
               

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