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quarta-feira, 26 de março de 2014

O Espiritismo é Cristão?

A Doutrina Espírita é eminentemente cristã. Segundo “O Livro dos Espíritos”, Jesus de Nazaré “é o ser mais perfeito que Deus nos ofereceu para servir de modelo e guia”. De fato, Jesus de Nazaré, à luz da Doutrina Espírita, é o Espírito mais elevado que já reencarnou na Terra. Portanto, sua moral é a mais evoluída, seus ensinamentos são os mais abrangentes e sua conduta é a mais espiritualizada que o homem terrestre pode almejar, tendo em vista os exemplos fornecidos por todos que já habitaram o nosso planeta.

Portanto, essa base fundamental, que está estabelecida na terceira parte de “O Livro dos Espíritos” (Das Leis Morais), constitui o alicerce conceitual no qual se erguerá a obra “O Evangelho Segundo o Espiritismo”. Isso ocorre pois devemos estudar com profundidade o Evangelho de Jesus à luz do avanço intelecto-moral dos tempos atuais, incluindo as informações veiculadas pelo Espiritismo.

Entretanto, o conhecimento humano a respeito da verdadeira espiritualidade/religiosidade pode e deve evoluir além dos ensinamentos expostos por Jesus. Em primeiro lugar, ficar restrito a textos que foram submetidos a prováveis adulterações e erros de tradução é limitar o avanço real em busca da “Verdade que liberta”. Jesus era e é o Mestre por excelência, grande professor e governador da Terra que nos ensinou e ensina, constantemente, a caminhar para o Pai, a fim de atingir o Reino dos Céus. Obviamente, como grande professor, ele sabia que “luz demais ofusca, ao invés de iluminar” as consciências, implicando que não disse tudo, isto é, não ensinou tudo, como ele mesmo afirmou isso no Evangelho. O próprio Mestre explicou que o recurso didático das parábolas era utilizado em função da dificuldade da maioria das criaturas entenderem seus enunciados. Considerando a “Lei do Progresso” (vide “O Livro dos Espíritos”), através do mecanismo da reencarnação, Jesus sabia que muitos ensinamentos só seriam lenta e gradualmente assimilados pelos Espíritos em evolução. “Muito mais eu tenho para vos dizer, mas no momento não podeis suportar” disse-nos Jesus, permitindo inferir que, se “no momento” não podíamos suportar, poderíamos suportar no futuro. Portanto, as revelações são sucessivas e de acordo com a evolução intelecto-moral da humanidade através das experiências alternadas, ora no mundo espiritual, ora no mundo físico.

Portanto, o Espiritismo é eminentemente cristão, mas isso não quer dizer que restringe os estudos referentes à busca de espiritualidade/religiosidade à leitura do Evangelho ou da Bíblia somente. Além disso, para o Espiritismo, Jesus não é Deus, e a chamada “Santíssima Trindade” constitui crença completamente equivocada. Como se não bastasse, para o Espiritismo, as tradições cristãs têm muitas deturpações em relação à essência do pensamento do Mestre. Portanto, o que é tradicional não necessariamente é verdadeiro e não necessariamente merece consideração doutrinária de nossa parte. Dessa forma, muitos religiosos das doutrinas tradicionais não consideram o Espiritismo uma religião completamente cristã. Questionam o caráter cristão do Espiritismo baseados em seus próprios dogmas, que nada têm a ver com os ensinos propriamente de Jesus. Entretanto, o Espiritismo não perde nada com essa opinião, até porque não busca o reconhecimento enquanto movimento cristão por parte de outras correntes. Não se trata de tarefa nossa a modificação da mentalidade de outros movimentos.

Portanto, sigamos a Jesus e Kardec, estudando, sem preconceitos todos os conteúdos significativos visando ao nosso crescimento espiritual. O reconhecimento enquanto cristãos em nada acrescentaria à nossa evolução como movimento, e muito menos individualmente. Tal dificuldade somente demonstra o quão difícil é vencer preconceitos assim como o nível de afastamento da verdadeira essência do Evangelho de Jesus em que se encontram muitos dos chamados “membros do Cristianismo tradicional”.

Leonardo Marmo Moreira

quarta-feira, 19 de março de 2014

“Por trás do Véu de Ísis” de Marcel Souto Maior

            A obra “Por trás do Véu de Ísis” constitui interessante pesquisa sobre imortalidade da alma e mediunidade, sobretudo psicográfica. Trata-se da segunda obra a respeito de assuntos espirituais/religiosos do referido autor e que constituiu subsídio para a elaboração do roteiro do filme “As mães de Chico Xavier”. A primeira obra de Marcel foi o “best-seller” “As Vidas de Chico Xavier”, livro de caráter biográfico a respeito do médium de Pedro Leopoldo, que serviu de base para o chamado “roteiro adaptado” do filme “Chico Xavier”. Posteriormente, Marcel publicaria mais duas excelentes obras dentro do mesmo assunto geral: “Lições de Chico Xavier” e, a mais recente delas, “Kardec, A biografia”.

            O autor, renomado jornalista das Organizações Globo e que não se proclama adepto de religião alguma, faz uma pesquisa isenta, com os olhos de um cético inteligente e interessado. Marcel Souto Maior escreve muito bem, ou seja, é objetivo, claro, utilizando linguagem escorreita. Conhece a complexidade do tema e pressupõe, corretamente, os vários riscos de interpretações equivocadas a partir de uma análise imperfeita do fenômeno. Mesmo assim se predispõe à árdua tarefa. E elabora uma obra de fôlego que consiste em honesta e importante contribuição ao estudo do fenômeno mediúnico.

            A busca de provas irrefutáveis a respeito da autenticidade da imortalidade da alma e da mediunidade requer um conhecimento substancial concernente às dificuldades inerentes ao fenômeno mediúnico. Sem um conhecimento mais profundo a respeito desses obstáculos, somente fenômenos altamente ostensivos podem convencer um cético. E é atrás dessas evidências irrefutáveis e absolutas, e portanto raras (mas não raríssimas!), que Marcel viaja o Brasil atrás de médiuns que possam demonstrar a sobrevivência da vida espiritual à morte corporal para alguém que, assim como ele, tem a “dúvida” como premissa fundamental.

            A avaliação sincera dos médiuns visitados, sob os olhos de um pesquisador independente de qualquer denominação ou vínculo religioso, denota o quão complexo é o fenômeno mediúnico, sobretudo para os leigos no assunto. Indiretamente, o livro também reforça a necessidade de nós, espíritas militantes, apresentarmos elevado critério na análise e divulgação de obras que não apresentem a chancela da “universalidade do ensino dos espíritos” ou do “controle universal do ensino dos espíritos (CUEE).

             O livro merece ser lido por espíritas e não-espíritas, mesmo que ambos os grupos possam discordar de algumas conclusões e das respectivas implicações inferidas pelo autor. De fato, sem ler, estudar, discutir, comparar, avaliar e refletir, jamais conseguiremos estabelecer, sem nenhum tipo de fanatismo, a era da Fé Raciocinada na Terra, onde todos possa buscar o estudo, sob parâmetros científicos, a fim de realmente abordar a chamada Espiritualidade de uma forma geral e profunda.


            “O conhecimento da Verdade para que ela nos liberte” requer o estudo para que ele nos esclarece e forneça convicção onde exista apenas hipóteses. Cabe a nós, portanto, a leitura inicial, para, posteriormente, estudarmos cada vez mais e ininterruptamente essa e outras obras respeitáveis a respeito de questões espirituais e/ou espíritas.

Leonardo Marmo Moreira

quarta-feira, 12 de março de 2014

A Primeira Nota de Rodapé de “Memórias de Um Suicida”

                A primeira nota de rodapé da obra “Memórias de Um Suicida” ilustra a riqueza doutrinária dessa obra extraordinária que nos foi proporcionada graças ao esforço hercúleo da médium Yvonne do Amaral Pereira. Trinta anos após a desencarnação de Dona Yvonne (ela retornou à pátria espiritual no início de março de 1984) cabe-nos agradecê-la em nossos corações e orações para que a querida irmã receba da Espiritualidade todo o carinho e consideração que fez por merecer após muitos anos de dedicação e sacrifício em prol da divulgação da Doutrina Espírita.

                A primeira versão da referida obra foi rejeitada pela Federação Espírita Brasileira (FEB), não tendo sido, portanto, publicada. De fato, nessa época, a FEB era praticamente a única editora espírita existente no Brasil e as dificuldades para se publicar um livro, sobretudo de origem mediúnica, eram elevadas para um médium com limitadíssimos recursos econômicos como era o caso de Dona Yvonne. Tratava-se de um texto bem mais resumido do que a obra conhecida atualmente. Era, nessa ocasião, livro de autor único, ou seja, obra de autoria do célebre escritor do Romantismo português Camilo Castelo Branco, o qual houvera, em um  primeiro momento, utilizado do pseudônimo Camilo Cândido Botelho. Com a rejeição da primeira submissão visando à publicação, Yvonne seguiu as recomendações do Espírito Doutor Adolfo Bezerra de Menezes Cavalcanti, guardando os originais para posteriores orientações. Realmente, ela passou a trabalhar com o admirável Espírito Léon Denis, que revisou os originais, expandindo, substancialmente, o texto, através de explicações, discussões, aprofundamentos e implicações doutrinárias de cada evento narrado por Camilo. Assim, a nova versão de “Memórias de Um Suicida”, a qual seria, finalmente, aceita para publicação pelo corpo editorial da FEB, trata-se de obra de autoria dupla.

A parceria entre os dois autores espirituais da obra, Camilo Castelo Branco e Léon Denis, apresenta grande sinergia e entrosamento, visando enriquecer-nos de informações sobre o mundo espiritual. O primeiro autor foi o responsável pelas narrativas, com grande ênfase naquelas vivenciadas pelo próprio escritor, ou seja, aquelas narradas na primeira pessoa do singular. O segundo autor espiritual, grande apóstolo do Espiritismo desde quando encarnado, desdobra o conteúdo doutrinário que pode ser inferido a partir das narrativas de Camilo Castelo Branco.

“Memórias de Um Suicida” consiste em obra inestimável para o aprofundamento das nossas bases kardequianas, sobretudo no que se refere ao conhecimento a respeito da vida no mundo espiritual, estando ao lado das obras de André Luiz como referência nesse quesito.

Vejamos a primeira nota de rodapé na referida obra para termos uma ideia do conteúdo que todo o texto apresenta:

“Após a morte, antes que o Espírito se oriente, gravitando para o verdadeiro “lar espiritual” que lhe cabe, será sempre necessário o estágio numa “antecâmara”, numa região cuja densidade e aflitivas configurações locais corresponderão aos estados vibratórios e mentais do recém-desencarnado. Aí se deterá até que seja naturalmente “desanimalizado”, isto é, que se desfaça dos fluidos e forças vitais de que são impregnados todos os corpos materiais. Por aí se verá que a estada será temporária nesse umbral do Além, conquanto geralmente penosa. Tais sejam o caráter, as ações praticadas, o gênero de vida, e o gênero de morte que teve a entidade desencarnada – tais serão o tempo e a penúria no local descrito. Existem aqueles que aí apenas se demoram algumas horas. Outros levarão meses, anos consecutivos, voltando à reencarnação sem atingirem à Espiritualidade. Em se tratando de suicidas o caso assume proporções especiais, por dolorosas e complexas. Estes aí se demorarão, geralmente, o tempo que ainda lhes restava para conclusão do compromisso da existência que prematuramente cortaram. Trazendo carregamentos avantajados de forças vitais animalizadas, além das bagagens das paixões criminosas e uma desorganização mental, nervosa e vibratória completas, é fácil entrever qual será a situação desses infelizes para quem um só bálsamo existe: a prece das almas caritativas!


Se, por muito longo, esse estágio exorbite das medidas normais ao caso – a reencarnação imediata será a terapêutica indicada, embora acerba e dolorosa, o que será preferível a muitos anos em tão desgraçada situação, assim se completando, então, o tempo que faltava ao término da existência cortada”.

Leonardo Marmo Moreira

sexta-feira, 7 de março de 2014

A cura da doença cardíaca de Divaldo Franco por Sai Baba

                Divaldo Pereira Franco conta em um documentário certa experiência que vivenciou com Sathya Sai Baba, famoso espiritualista indiano.

                A segunda metade da década de oitenta representou para Divaldo Franco uma época de grande dificuldade orgânica. De fato, o admirável médium e orador espírita baiano enfrentou persistente doença cardíaca que lhe proporcionava fortes dores. É importante frisar que Divaldo chegou a ser desenganado pelos médicos em vista da complexidade de sua afecção cardiovascular.

                Divaldo era muito amigo do conhecido escritor brasileiro Hermógenes, profundo conhecedor e praticante da chamada Yoga. Hermógenes havia comentado com Divaldo, por diversas vezes, a respeito das habilidades paranormais, inclusive de cura, apresentadas por Sai Baba. Entretanto, Divaldo, embora respeitando os comentários e as análises entusiásticas sobre Sai Baba, considerou que elas poderiam estar superestimadas por uma admiração excessiva.

                Nesse contexto, Divaldo teve, certo dia, uma intensa angina pectoris e tomou sua medicação cardíaca (o medicamento conhecido como isordil). Entretanto, como a dor estava especialmente aguda naquela ocasião, Divaldo lembrou-se dos comentários de Hermógenes sobre a capacidade de desdobramento e cura espiritual apresentados por Sai Baba a partir de evocações de indivíduos necessitados. Foi quando o tribuno baiano decidiu evocar Sai Baba, pedindo-lhe ajuda para sua enfermidade. Divaldo se concentrou e evocou mentalmente Sai Baba. Nesse momento, Divaldo teve uma visão psíquica de um jato de luz muito forte se aproximar dele. Essa concentração luminosa foi aproximando-se de Divaldo e tomando a forma humana. Um homem, trajado no estilo “black power”, chegou bem perto de Divaldo e impôs sua mão sobre o peito de Divaldo, liberando concentrados fluídico-energéticos que atingiram a área enferma do tórax de Divaldo, fazendo com que a dor se diluísse imediatamente.

                Divaldo, ao recobrar a lucidez, refletiu sobre o ocorrido e, racional e kardequianamente, elaborou hipóteses para tentar explicar o fenômeno. A primeira e principal delas admitia que a cessação da dor foi basicamente causada por um efeito retardado do próprio isordil. Todavia, no dia seguinte, aproximadamente no mesmo horário, a dor cardíaca retomou uma grande intensidade. Divaldo, então, resolveu não tomar o referido medicamento e evocar novamente Sai Baba. A experiência de intervenção espiritual se repetiu. No terceiro dia, novamente Divaldo não toma o medicamento e evoca Sai Baba e o mesmo espírito aparece e a dor some.

                Divaldo não tinha mais dúvidas. Era um fenômeno mediúnico, dito “entre vivos”, autêntico e a contribuição para a sua saúde era real.

                Passou um tempo e Divaldo, juntamente com seu amigo e confrade Nilson de Souza Pereira, foi convidado por Hermógenes a ir a Índia conhecer Sai Baba. Em princípio, Divaldo rejeitou o convite, em função dos gastos que a viagem requisitaria. Entretanto, a instituição Capemi resolve patrocinar a viagem de Divaldo e Nilson, o que de fato ocorreu no ano de 1991.

                Chegando lá e ao encontrar Sai Baba, o mestre indiano diz, ao fitar Divaldo: “Nós já nos conhecemos!”, o que chocou Divaldo, confirmando a autoria das assistências espirituais recebidas.

                Poucos dias depois, Divaldo estava na presença de Sai Baba e o mestre indiano teria perguntado: “O que desejas que eu faça por ti?”

                Divaldo respondeu: “Nada. Estou muito bem, não preciso de nada, obrigado.

                O Mestre insiste: “O que desejas que eu faça por ti?”

                Divaldo redarguiu: “Eu não preciso de nada. Sou um homem muito feliz”.

                Neste momento, Sai Baba o surpreende mais uma vez e pergunta: “E o coração?! Como está?!”

                Antes que Divaldo se recuperasse do choque da nova confirmação, o mestre se aproxima e crava o dedo entre as vértebras do médium, atingindo o coração de Divaldo. A dor foi intensa, mas depois que Sai Baba retirou o dedo, a dor tinha passado e não retornaria mais até os presentes dias. Era a cura definitiva.

                Essa notável experiência de Divaldo Franco ilustra vários ensinamentos de natureza espiritual. O primeiro ensinamento é que todos nós precisamos uns dos outros, como irmãos que somos, independentemente de rótulos e até da distância física. De fato, não sabemos quem será o portador da intervenção da Providência Divina em nossas vidas, uma vez que Deus ajuda a seu filhos através da ação no bem de outros filhos. O segundo ensinamento é que a paranormalidade, incluindo faculdades mediúnicas e anímicas, não é propriedade do Espiritismo e, sim, uma faculdade inerente ao ser humano, podendo ser encontrada em todas as raças, povos, classes sociais, profissões, idades, sexos, religiões etc. O terceiro ensinamento é que vários fenômenos paranormais podem ocorrer concomitantemente, o que implica na necessidade de aprofundamento doutrinário para que a nossa interpretação de cada ocorrência seja a mais precisa possível.

Realmente, precisamos estudar, cada vez mais e melhor, os fenômenos ditos paranormais, pois quanto mais estudarmos, tanto os que eventualmente acontecem conosco mesmos, como os que ocorrem com nossos irmãos, mais subsídios teremos para construir a nossa fé raciocinada, que é o alicerce para a nossa definitiva transformação moral e, consequentemente, para a nossa ascensão espiritual.


Leonardo Marmo Moreira